O faturamento do setor de eletroeletrônicos cresceu 18% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, segundo balanço divulgado hoje (23) pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Na comparação com os primeiros seis meses de 2008, a expansão foi de 3%, o que, de acordo com a entidade, indica que o setor voltou aos patamares pré-crise.

O melhor resultado foi o dos fabricantes de utilidades domésticas, no qual estão incluídos produtos de imagem, som e eletrodomésticos da linha branca, com crescimento de 42%. Já os segmentos de geração e distribuição de energia elétrica e o de telecomunicações registraram queda no desempenho no semestre de 1% e 3%, respectivamente.

A projeção para o ano é que a indústria elétrica e eletroeletrônica fature R$ 128 bilhões, o que significa um aumento de 14% em relação aos R$ 111,8 bilhões alcançados em 2009. Segundo o presidente da Abinee, Humberto Barbato, cerca de 3,6% desse montante deverá ser usado para investimentos.

A expansão do setor está sendo puxada pelo mercado interno, uma vez que as exportações têm gradativamente perdido importância na pauta da indústria de eletroeletrônicos. A Abinee estima que as vendas para outros países vão representar neste ano 10,5% do faturamento do setor, contra 13,4% em 2009 e 20,4% em 2005.

A importações, no entanto, registraram crescimento de 50% no primeiro semestre, totalizando US$ 15,7 bilhões. A maior parte desses produtos veio do sudeste da Ásia. As compras da região somaram US$ 10,2 bilhões, 67% mais do que no mesmo período de 2009. A China sozinha foi responsável por vendas no valor total de US$ 5,4 bilhões, um aumento de 77% em comparação com o ano passado.

Para Barbato, esse movimento é impulsionado pela valorização da moeda brasileira ante o dólar. “Isso é uma distorção que estamos vivendo devido a uma conjuntura de sobrevalorização da nossa moeda.”

Para reverter essa tendência, que estaria afetando a indústria nacional, a Abinee propõe, entre outras medidas, a elevação da tributação de cerca de 100 produtos que estariam sendo mais afetados pelas importações. A associação também defende a elevação de 60% para 75% nos índices de nacionalização dos produtos adquiridos pela linha de Financiamento de Máquinas e Equipamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Finame/BNDES).

Segundo Barbato, as sugestões já foram apresentadas ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada.