Grupo disse que foi a Brasília atrás da “influência” do parlamentar, que não teria prometido interferência na briga

As 21 lideranças indígenas terena da cidade de Miranda que ocuparam nesta manhã a sede da Funai, em Campo Grande, disseram que em data recente um grupo de caciques foi a Brasília pedir ajuda ao senador Delcídio do Amaral, do PT, para substituir o chefe do órgão e nomear no lugar dele um colaborador da campanha do parlamentar.

“No Brasil tudo funciona assim”, disse o cacique Paulino, um dos manifestantes, ao comentar o suposto apoio do senador. A liderança disse que 18 caciques foram ao gabinete de Delcídio pedir “autonomia” e que a vontade deles fosse “respeitada”.

No caso, o desejo dos índios é trocar o atual administrador Joãozinho da Silva por um ex-motorista e hoje atuando como uma espécie de cabo eleitoral do senador. Paulino disse ter se recordado apenas do primeiro nome do índio, que se chamaria Edson. A substituição teria a ver com “desmandos” do atual chefe, que não apareceu na Funai hoje.

Os 21 índios que ocupam o prédio entraram na sala da diretoria da Funai, mas os dirigentes do órgão abandonaram a reunião.

O chefe do serviço de Assistência Social do órgão, Danilo de Oliveira, informou que a recusa pelo diálogo tem a ver com uma regra da Funai. Ele calcula que apenas 11 dos 21 protestantes são caciques e, pela norma do órgão, decisões administrativas devem ser tomadas pela maioria dos caciques.

Ainda segundo ele, na região comandada pela Funai em Campo Grande, onde vivem ao menos 40 mil índios, o órgão reconhece 39 caciques.

Danilo de Oliveira garantiu que o senador Delcídio do Amaral prometeu não interferir na queda de braço dos índios. “E ele [senador] não deve voltar atrás”, acredita.

A Funai em Campo Grande é chefiada por índio desde 1985. De 2008 para cá o órgão nomeou quatro administradores.

O servidores da Funai abandonaram o expediente assim que o prédio foi ocupado. No início, eles acharam que as lideranças foram lá assistir ao jogo do Brasil contra Chile, hoje à tarde, pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Os índios habitam a aldeia Moreira, em Miranda. Eles fretaram um microônibus.

O Midiamax quis ouvir a versão do senador, mas não conseguiu. Recados foram deixados no telefone da assessoria do parlamentar, mas até a publicação dessa reportagem, mas a ligação não foi retornada.