Luiz Eduardo, o Dudu, 10, teria sido morto a mando do ex-padrasto, José Aparecido Bispo da Silva. Roberto Gonçalves, pai da criança, pede Justiça

O aposentado José Aparecido Bispo da Silva, o Cido, preso desde fevereiro do ano passado, acusado de mandar matar Luiz Eduardo, o Dudu, de dez anos de idade, seu ex-enteado, em dezembro de 2007, será julgado em Campo Grande na próxima quarta-feira.

Ele nega participação no crime, mas testemunhas detalharam à Justiça como e por que o réu mandou matar a criança a pancadas, enterrar o corpo, desenterrar e por fogo no cadáver, um meio de escapar de pistas que pudessem incriminá-lo depois. Uma das correntes da investigação sustenta que o acusado contratou um adulto e três adolescentes para matar o menino.

O assassinato do menino – “Caso Dudu”, como ficou conhecido na imprensa campo-grandense – virou tese de conclusão de curso de Jornalismo. Duas situações teriam motivado o crime, ocorrido no Jardim das Hortências, segundo apuração policial.

Uma delas: Bispo da Silva quis se vingar da mãe de Dudu, Eliane Aparecida, com quem viveu por oito anos e não queria mais saber da união, rompida três anos antes do crime. Outra linha de investigação, que consta no processo: o menino estaria devendo uma certa quantia em dinheiro a um adolescente ligado a Bispo da Silva, que seria um traficante de droga. Dudu teria participação na distribuição de pasta-base, suspeita não confirmada oficialmente.

O julgamento, confirmado na sexta-feira pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, deve durar a quarta-feira inteira. Ao menos 12 testemunhas devem ser ouvidas. Réu pode pegar pena máxima, ou 30 anos de prisão. 

Dudu teria sido morto por Holly Lee de Souza, também preso, e outros três adolescentes. Por determinação de Cido, o garoto teria sido dominado pelo trio, apanhado, depois levado para a casa do suposto mandante, onde a tortura continuou.

Mais tarde, a criança foi levada até um matagal próximo, conhecido como “Cemitério dos Cachorros”, onde foi surrado até a morte. O corpo da vítima foi enterrado, mas um mês depois, também por ordem de Cido, desenterrado, cortado em pedaços, queimado e posto de volta na cova.

O corpo do garoto foi localizado em março do ano passado por meio do depoimento de um adolescente supostamente envolvido no crime. Até hoje o corpo achado não foi identificado como do garoto, nem enterrado. A perícia sul-mato-grossense informou que o fogo fragmentou demais o cadáver e isso dificultou o exame de DNA, meio mais eficaz de identificação. Após o julgamento é que a família vai poder sepultar o corpo de Dudu.

Caso

Dudu sumiu de sua casa, no Jardim das Hortências, onde morava com irmãos e o pai, o vendedor de salgados, Roberto Gonçalves, de 61 anos idade. Desde o início Bispo Gonçalves é apontado como o suspeito número um do crime. Ocorre que a polícia o prendeu somente após ter achado um cadáver, em março do ano passado

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