A atriz assume a vida de casada com Cauã Reymond

Grazi mora em um condomínio de luxo no Itanhangá, bairro nobre da Barra da Tijuca. O interfone toca. Um funcionário atende, mas avisa que a dona da casa está dormindo. Já passa das 9h. O que fazer? Vamos acordar Grazi Massafera, 27 anos. O telefone toca e a atriz toma um susto. A noite passou rápido demais para ela. ”Em um instante estou aí!”, diz. Deu menos de meia hora e Grazi aparece de cabelo preso em um coque, vestidinho curto, sapatilha e bolsa pesada. Dentro dela, chave de casa, nécessaire com maquiagem, BlackBerry para checar ligações e e-mails e o roteiro de Tempos Modernos, novela das 7, encadernadinho. ”Desculpe!”, e entra no carro.

Como conseguiu sair da cama, abrir o armário, escolher roupa e sapato e sair sem esquecer de nada, assim, na correria? ”Eu separo tudo no dia anterior. Só tive de levantar, lavar o rosto, escovar os dentes e me vestir”, diz sorrindo.

Tudo isso para garimpar mais um pouquinho de sono, interrompido por CONTIGO! em uma manhã de terça-feira, quando a levamos para o Forte São José, na Fortaleza de São João, na Urca – essa bela locação das fotos a seguir. Grazi não perde a hora tão facilmente – aliás, em seu cotidiano é exatamente o contrário. Ela passou duas semanas gravando de domingo a domingo e ganhou um brinde. “Sim, tive quatro dias de folga. E aí acostumei a ficar um pouco mais na cama. Normalmente, de tanto levantar cedo para trabalhar, há dias em que desperto às 5h30 da manhã!”, explica. Bom, ela não mora sozinha, então o companheiro, que é o namorado/marido Cauã Reymond, 29, deve sofrer com essa inquietude, não? Ela o deixa dormindo e sai na ponta do pé do quarto: ”Não consigo ficar quieta. Vou ver um filme na TV ou aproveito para dar uma volta com a cachorrada”.

Este é um relacionamento fechado de dois jovens atores em ascensão que identificaram entre si afinidades e queridices – para o barco não virar, afastam os preconceitos da profissão em relação aos dois e cercam bem essa ilha de amor. São nove meses juntos, quando se mudaram para esse condomínio que, apesar do luxo, tem uma atmosfera bucólica, como no sonho de Grazi. ”Do jeito que estava antes também era bacana”, explica a atriz ao falar sobre a antiga logística do casal, em casas separadas. ”Era cada dia em uma casa diferente para dormir. Uma delícia”, completa. Ela diz que estava sentindo falta do cheiro de mato, de um lugar para criar seus bichos com mais liberdade – mas, claro, ter um canto do casal e poder viver como casados é a principal razão. ”Mais casado do que a gente já está, é impossível!”, insiste. ”Nunca existiu essa história de marcar uma data. Um dia, quem sabe. Não é para ser essa sangria desatada que todo mundo quer. Não vamos fazer por pressão de ninguém. Até meu pai já passou dessa fase de cobrar”, avisa ela, sem descartar o desejo de Gilmar, 50. É o sonho do pai e ela quer realizá-lo, existe essa vontade, sim. ”Sempre foi um sonho meu também, mas eu já estou casada. Dou mais importância ao que sentimos um pelo outro do que a necessidade de fazer um ritual.” Bom, a contabilidade do relacionamento bem-sucedido e muito cuidado e blindado de Grazi e Cauã já somam dois anos e dez meses. ”Não acredito em almas gêmeas. As pessoas se unem por energia, tesão, amor, ideais em comum.” Em sua casa, faz coisas que lembram a infância em Jacarezinho, interior do Paraná. ”Tenho boldo, hortelã e erva-doce plantados em vasos. Agora, estou pensando em plantar, no jardim, árvores que dão fruta”, vai relatando e, de repente, fica com a boca cheia d’água ao pensar no frango caipira da mãe, Cleusa, 49.

Em uma visita recentíssima ao Itanhangá, ela fez, só para agradar a filha. A ascendência italiana fala mais alto do que a discrição do interior. ”Gosto de ter a casa cheia. Nunca fui de solidão. Não vejo vantagem nela… Só de vez em quando, na hora da TPM”, acrescenta e logo imaginamos que Cauã já deve ter aprendido isso muito rapidamente.

No começo de 2010 Grazi fez a limpa no quartinho da bagunça: ”Joguei fora um monte de tranqueira. Tinha até fantasia de Carnaval antiga. Não gosto de ficar entulhando nada. A cada dois meses, vejo o que está sobrando no armário. Tem uma galera em Jacarezainho que é só sorriso quando eu faço isso”, conta. Mas não se engane, essa simplicidade não esconde um pouco de orgulho do lugar que conquistou e quer manter – Grazi é capaz de olhar vários vestidos para as fotos e não gostar da maioria. É capaz de olhar fotos e opinar de maneira desconcertante e conclusiva. Ela sabe que tem seu poder. ”Homem não se divide”, é parte da explicação da atriz ao falar de Deodora, mulher que ela vai ter de ser nos próximos meses, com todo convencimento possível, em Tempos Modernos. Claro, Grazi não vai dividir Cauã… e nem aceitaria ser amante. ”Já Deodora adora isso. Na minha vida isso não seria possível. Nunca! Se dividimos nosso homem, a gente nunca tem de saber”, avisa aos risos.

”Eu não sou passional. Consigo racionalizar muitas vezes. Tenho ciúme porque é a coisa mais natural do mundo. Mas sei até que ponto isso vai. Brigar por ciúme? Consigo relevar, mas não sou perfeita. Briguinhas bobas são normais. Todo mundo passa por isso. Mas não deixo ficarem gigante, tomarem conta do meu dia”, continua a atriz. ”Às vezes, uma briga é um desentendimento necessário para que as pessoas se entendam. Quando você consegue isso, fica a coisa mais gostosa.”

São cinco anos de carreira e ela teve de aprender rapidinho em que areia movediça estava, apesar da aparente vida de glamour e sem muitos problemas que é a de uma contratada da Globo, assediada por autores de novelas – até pelos que se curvaram ao esforço de Grazi. ”Sou osso duro de roer”, volta ela a revelar seu lado mais impositivo. ”Já tem essa coisa de ser caipira, de ser do interior, de ser doce no jeito de falar. Se eu for boba, me engolem. Eu não estou aqui a passeio. Quem está é fraco. É uma selva, no bom sentido, o meio em que a gente vive. Não estou aqui para prejudicar ninguém, mas para ocupar o meu espaço, sim”, afirma. ”Hoje, depois de cinco anos, eu me sinto querida. Vejo que as pessoas estão ali para somar, não mais para criticar. Eu fui chamada para essa novela, todo mundo me quer, autor, diretores, atores. É a primeira vez que eu sou mesmo bem-vinda”. Nas outras novelas, sempre houve um enrosco.

”Em Negócio da China, Miguel (Falabella, 53) queria e não queria me ter como protagonista. Admirei como ele lidou com isso. Muita gente não admitiria, mas ele admitiu que tinha dúvidas e falou isso para mim (…) Essa carreira é a chance da minha vida e eu consegui agarrar, graças a Deus”.

Ela sabe que por, talvez, um pouco, não virou um nomezinho no mural virtual do Big Brother Brasil – aquele que joga uma luz forte em alguém por uns meses e depois atira uma sombra incômoda para o resto da vida. ”Eu poderia estar vivendo em Jacarezinho, o que também não era tão ruim assim. Mas não teria experimentado tudo isso”, analisa.

Isso não quer dizer que não tenha momentos de mulher normal, de afazeres que alguns podem considerar até bobos. ”Deixo para me cuidar em casa. Entro no banheiro e faço unha, depilação, hidratação e escova. Acho legal ter esse momento mulherzinha. Mulher nunca pode deixar de se cuidar. Tem de estar cheirosinha, arrumada. Senão, vira homem”, aconselha a atriz. Ela olha corpo perfeito, de causar inveja, no espelho e reflete sobre o futuro. ”Um dia tudo vai balançar. Olho para a coxa e falo: ‘Um dia você vai cair”’, e ri. ”Tenho uma estrelinha tatuada debaixo do braço. Fica num lugar escondidinho. Depois, quando estiver mais velha, o bracinho vai ficar murcho e ela vai ficar cadente”, continua a brincadeira.