Estudante de 13 anos de idade disse ter sido obrigado a limpar salas de aulas após denunciar o caso à direção da escola estadual

A empregada doméstica A.M.S., 44, procurou a polícia e denunciou que o seu filho de 13 anos sofreu discriminação racial na escola e já não quer mais estudar. Consta no boletim de ocorrência registrado no dia 28 de junho, que o adolescente foi alvo de violência psicológica e conforme a mãe, o marco para que o racismo ficasse evidente foi a partir do dia em que o filho tornou-se conhecido na escola por ter sido artilheiro de um campeonato de futsal.

Ainda no boletim de ocorrência, detalhes sobre o crime de racismo: “(…) seu cabelo é feito para fazer bombril e a carne para fazer comida de porco”. A frase teria sido proferida por alunos da escola. O jovem já não mais quer estudar.

Ainda de acordo com a mãe, quatro alunos teriam desrespeitado e agredido também fisicamente seu filho, estudante da escola estadual Delmira Ramos dos Santos, do bairro Coophavilla II.

Segundo a doméstica, o menino que estuda na escola desde a 1ª série e que hoje cursa o 7º ano sofre por conta desse tipo de violência. Isso já dura há pelo menos 3 anos.

Mas, a situação tornou-se insustentável, segundo a mãe que decidiu denunciar. “Eu não queria recorrer porque eu sou negra e pobre, mas depois que eu fui orientada eu procurei meus direitos”. 

“Ele estuda lá desde a 1ª série, a minha filha de 15 anos também, eu já tinha tirado o meu filho e minha filha de lá por causa de racismo. Ele não quer mais ir para a escola”, conta a mãe.

De acordo com a mãe, além da violência verbal de ter sido chamado de “urubu”, “frango de macumba” e “nego fedido”, alunos da escola teriam pixado o muro da escola chamando-o de “fedido”.

A gota d´água foi o fato do filho tentar se defender e ter acabado sofrido represália por parte da escola. “Ele teve de limpar três salas de aulas durante 10 dias”. O jornal Midiamax buscou contato com a direção do estabelecimento de ensino, mas a informação foi de que somente a Secretaria de Estado de Educação poderá falar sobre quais medidas deve tomar. 

“Meu filho entrava às 7h e saía às 16h porque a escola é integral. Eu assinei essa medida disciplinar porque a diretora me disse que era uma ordem de um promotor, sabe o que aconteceu? Ele chegava em casa quase às 19h e em um desses dias que ele tava limpando as salas, três ou quatro alunos entraram lá e bateram nele. Ele chegou em casa com a boca inchada sangrando e com os braços cheio de furos de caneta”, desabafou.

A.M.S. conta que depois da violência sofrida, a direção da escola teria lhe dito que ia tomar providência porém nada foi feito, segundo a mãe.