Os sindicatos dos aeronautas (pilotos, co-pilotos e comissários) e dos aeroviários (equipes de terra) decidiram, em assembleias realizadas nesta sexta-feira (13), aguardar o resultado de uma audiência que acontecerá no Ministério Público do Trabalho (MPT) no próximo dia 20 antes de decidir se os trabalhadores da companhia aérea Gol entrarão em greve. Até lá, de acordo com os sindicatos, os trabalhadores farão “estado de greve”, ou seja, manifestam que podem cruzar os braços caso não haja um acordo.

A principal reclamação dos trabalhadores é o excesso de trabalho. Os funcionários pedem ainda plano de saúde e plano de carreira.

As escalas de trabalho da Gol causaram, no começo do mês, atrasos em diversos vôos nos principais aeroportos do país. A Gol alegou que um problema no novo sistema de escalas da companhia acabou forçando os tripulantes a trabalharem a mais.

Por conta disso, as folgas dos funcionários prejudicados geraram uma reação em cadeia, que culminou nos atrasos. A empresa disse que a situação foi normalizada, mas, depois disso, trabalhadores disseram ao G1 que o excesso de trabalho continuava.

Na semana passada, em audiência mediada pelo Ministério Público do Trabalho, a Gol afirmou que cumpre as leis trabalhistas, mas não assumiu compromisso proposto pela Procuradoria de manter as escalas de trabalho de sua tripulação dentro das regras sob pena de multa de R$ 100 mil por dia. A empresa informou que só não assinou o compromisso por conta da imposição de uma multa que não está prevista em regulamentação. O MPT marcou uma nova audiência em 20 de agosto, quando as partes terão de apresentar documentos.

Os aeroviários realizaram assembleias em 11 aeroportos brasileiros. Por volta das 20h, 80% dos votos estavam apurados.

“A maioria decidiu pelo estado de greve aguardando até o dia 20 a audiência do MPT. Foi uma resposta clara dos trabalhadores de tentativa de diálogo. Todos estão acreditando muito na mediação da Procuradoria do Trabalho e isso até preocupa. Tenho experiência nessa área e as vezes o trabalhador deposita esperança demais. Mas a gente tem que acatar o que o pessoal quer”, afirma a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino.

O Sindicato dos Aeronautas fez assembleias em dois locais, na sede do sindicato, no Rio, e na subsede, em São Paulo, e também decidiram pelo estado de greve. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, comandante Gelson Fochesato, a idéia é apresentar uma pauta de reivindicações para a Gol até a próxima terça-feira (17).

“Foi decretado o estado de greve. Não é greve, mas é um estado de insatisfação, deixando claro que se a empresa não sentar para negociar. (…) Nós cansamos de brincar, de pedir coisas. Chegou o momento, ou senta e negociar ou vamos parar.”

Em nota oficial, a Gol informou que os posicionamentos dos sindicatos não afetaram as operações. ” A Gol esclarece que os posicionamentos assumidos pelo Sindicato dos Aeronautas em reunião realizada hoje não acarretam qualquer impacto em suas operações. A companhia informa que seus voos seguem normalmente e com bons índices de pontualidade e regularidade nesta sexta-feira.

Segundo boletim divulgado pela Infraero às 19h, da meia-noite até o momento, 91,8% dos 659 voos programados pela empresa decolaram dentro do horário previsto. No momento, há apenas nove operações com atraso superior a 15 minutos.”