Postura do candidato ao governo do Estado pelo partido, Nei Braga, seria a causa da debandada de filiados. Cerca de 200 membros podem se desligar do PSOL até terça-feira.

O PSOL corre o risco de sofrer uma debandada de filiados às vésperas das eleições, por causa da postura do candidato ao governo do Estado pelo partido, Nei Braga. É o que promete o ex-presidente do diretório regional, Henrique Martini. Representantes partidários de cinco municípios preparam a desfiliação de 200 membros do PSOL, o que deve ocorrer até a próxima terça-feira (28).

O que motivou a ira de alguns dirigentes municipais foram os ataques de Nei Braga a Zeca do PT no programa eleitoral. O socialista chegou a prometer em entrevistas que veicularia “verdades” sobre André Puccinelli, mas faltando oito dias para as eleições, nada foi feito.

“Existe um acordo tácito entre a campanha de Nei Braga e André Puccinelli. Em nenhum momento o PSOL se pronunciou contra as suspeitas de corrupção gravadas no vídeo do deputado Ary Rigo”, disse Martini.

À primeira vista, não haveria contradição no fato de o PSOL criticar o PT, já que os socialistas surgiram a partir das expulsões de parlamentares petistas no escândalo do mensalão em 2004: Heloísa Helena, Babá, João Fontes e Luciana Genro. O rompimento com o PT é de natureza ideológica, mas o problema em Mato Grosso do Sul seria a falta de comprometimento do atual candidato com as causas da classe trabalhadora.

Mais problemas

A falta de unidade política no PSOL não é fato isolado em Mato Grosso do Sul. Em nível nacional, o apoio da militância do PSOL desmoronou diante da candidatura de Plínio de Arruda Sampaio à presidência da República. O candidato não recebeu apoio do grupo de Heloisa Helena, que ficou em terceiro lugar nas eleições de 2006 e acusou Plínio de fazer manobra para neutralizar a chapa adversária.

O partido também entrou “rachado” na campanha estadual. Uma suposta manobra reconduziu Nei Braga ao PSOL, que havia sido expulso da legenda e era tido por alguns filiados como “persona non grata”. Para o atual presidente do diretório regional, Lucien Rezende, o pano de fundo dessa insatisfação seria o fato de Martini ter perdido o comando do PSOL.

No meio do fogo cruzado, quem parece sofrer com a dissonância de seus membros é o próprio PSOL. O partido tem cerca de 500 filiados em Mato Grosso do Sul, mas pode perder metade de seus quadros em uma tacada política. Martini diz não temer a expulsão, pois já participou da fundação de três partidos ao longo de 28 anos de vida pública: PT, PSTU e PSOL.

Nas últimas eleições ao governo estadual, o candidato socialista Carlos Alberto Santos Dutra conquistou 6.282 votos (0,5% do eleitorado), ficando em terceiro lugar no pleito. O partido não elegeu nenhum de seus representantes em 2006 – uma candidata ao Senado, dois a deputado federal e quatro a estadual.