O presidente da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, defendeu nesta terça-feira (23) a discussão técnica da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem a diminuição dos salários, e eleva o valor da hora extra.

Longen visitou hoje todos os líderes partidários na Câmara Federal e participou de encontro com o presidente da Casa de Leis, deputado Michel Temer, em Brasília

De acordo com ele, o momento atual não é oportuno para votação dessa proposta por se tratar de um ano eleitoral e existir uma grande pressão dos movimentos sindicais para que o assunto seja colocado em pauta.

“A discussão deixou de ser técnica e passou a ser política, correndo o risco de penalizar o setor produtivo e, consequentemente, o próprio trabalhador que terá de pagar a conta com o aumento dos custos de produção”, pontuou Sérgio Longen, argumentando que a mudança prevista é inoportuna e inadequada. Para ele, o melhor caminho a ser seguido no momento é deixar essa discussão para o próximo ano. “A indústria tem papel estratégico no processo de recuperação econômica e, além disso, essa PEC está sendo inserida no ambiente de um ano eleitoral”, esclareceu.

O presidente da Fiems destaca que o setor industrial está preocupado com a manutenção dos empregos dos trabalhadores. “Ninguém vai conseguir arcar com os custos desta Proposta, sem promover reajustes no seu quadro funcional”, avisou, completando que está errado reduzir a jornada pela via da imposição legal, pois vai equiparar uma pequena empresa de confecção a uma empresa intensiva em capital.

Já o presidente da Câmara Federal, Michel Temer, disse aos dirigentes industriais liderados pelo presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, que sua posição é de equilíbrio, agindo conforme a posição das lideranças partidárias. Na avaliação de Armando Monteiro, “colocar na pauta do plenário da Câmara a votação da PEC da redução da jornada é uma manobra claramente eleitoreira dos dirigentes sindicais trabalhistas”.

Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, como o País está em ano eleitoral, há uma confusão sobre o verdadeiro interesse de se reduzir a jornada. “A jornada média brasileira já é de 41 horas semanais. Se houver imposição de redução da jornada, setores intensivos de mão-de-obra, como têxtil e calçado, e empresas de menor porte, vão ser muito prejudicados. A PEC, em vez de gerar empregos, pode gerar desemprego”, assinalou.