Nas últimas três semanas o brasileiro passou a viver um problema que já havia sido publicamente discutido: a falta de profissionais no setor aéreo do país. Depois do último caos registrado nos aeroportos, muitas pessoas vão para o portão de embarque com receio. Na última semana, mais de 60% dos voos nacionais foram cancelados ou sofreram atrasos. O motivo é a falta de pessoal nas companhias aéreas. O problema está ligado a carga horária de trabalho. A cada novo avião que entra em operação, são necessárias pelo menos 60 novas contratações.

A escassez de mão de obra já era prevista por especialistas do setor, pois o curso de pilotos é caro, demorado e a aviação comercial exige cada vez mais horas de trabalho. Além disso, a tripulação tem mais responsabilidades e recebe menos no Brasil do que o mercado paga no exterior. O resultado é que faltam pilotos na superaquecida aviação no país.

Há tempos o país enfrenta dificuldades para recrutar pilotos de aviões comerciais devido ao número reduzido de pessoas que se profissionalizam para exercer esta tarefa. Com o crescimento projetado para o turismo do Brasil, que está às vésperas de sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, o setor aéreo tende a entrar em colapso em, no máximo, três anos, acreditam fontes de mercado.

Entre 2007 e 2009, a média de licenciamento de novos pilotos comerciais de linhas aéreas foi de 373 profissionais por ano. Esse número é suficiente para atender apenas 62 novas aeronaves, de acordo com especialistas. TAM, Gol e Azul, juntas, absorveriam pelo menos 70% desse total, considerando o número de aviões que elas compram a cada ano. Nesse cenário, sobraria menos de um terço dos formandos para atender todo o restante do mercado.

Um dos principais empecilhos para quem quer ser piloto é o preço do curso. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informa que o investimento necessário para este tipo de formação vai de R$ 14 mil a R$ 70 mil.