“Estamos no período de entressafra, ou seja, tivemos um período de estiagem mais prolongado. Os pastos ficaram secos e acabou não havendo pasto para o gado se alimentar. Os animais que hoje estão a ponto de abate são de confinamento, que neste ano, tiveram uma redução na criação, devido ao elevado custo para a manutenção deste tipo de animais. Diante desta adversidade de clima e essa diminuição de animais no mercado, automaticamente o preço do produto carne se eleva”, explicou o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Raphael Kassar, ao comentar os motivos para a elevação do preço da carne, apontada pela pesquisa da Faculdade Salesiana de Santa Teresa.

O levantamento de preços realizado pelos acadêmicos do curso de Ciências Econômicas, nos dias 28 a 30 de outubro, apontou aumento de 29,55% no preço da carne bovina entre os meses de setembro e outubro. No geral, os corumbaenses tiveram alta de 7% no preço da cesta básica, que fechou o mês passado custando R$ 177,19.

Os açougues da cidade refletiram essa elevação. A empresária Rafaelle Zambardino Vasconcellos, proprietária de um açougue tradicional em Corumbá, informou ao Diário que diante da alta dos preços da carne, a única alternativa foi repassar o percentual aos consumidores.

“A carne teve uma grande elevação de preços em 2010. Em abril deste ano, a arroba do boi era de R$ 75 e hoje, em novembro, ela está em R$ 101. Não há como segurar o preço e não repassar aos clientes. Essa elevação acaba chegando ao consumidor. Estamos tendo de informar aos clientes o motivo pelo qual está ocorrendo esta elevação. Por isso, estamos anexando em nosso açougue um folheto contendo a nova tabela de preços que irá vigorar a partir de 15 de novembro. Também colocamos uma explicação desta alta, que é a falta de pasto e de animais para o abate. Esta informação está sendo encaminhada às empresas que compram carne conosco também. Acreditamos que essa é a única forma justa de realizar esse processo de elevação, explicando ao consumidor quando ocorrerá o aumento e o que está gerando esta alta”, esclareceu.

Para fugir dos preços altos e equilibrar a despesa em casa, os consumidores estão buscando alternativas para o problema, como apontou Izac Iran da Silva, 60 anos. “Em minha casa, sempre compramos o corte de carne “patinho”, e a média do preço que pagávamos girava entre 8 e 10 reais. Atualmente, esse preço está entre 12 e 15 reais. É uma grande elevação. Conversando com minha esposa, a solução encontrada foi buscar alternativas, como verduras, frango e ovos. Acredito que esta é a solução para as demais famílias, até esperar a queda do preço da carne”, observou.

Preço justo

O presidente do Sindicato Rural de Corumbá avalia que o preço atual da arroba é um preço justo, se consideradas as despesas da criação dos bovinos e a defasagem do preço da carne ao longo dos anos. “O preço praticado de R$ 100 é justo para o produtor rural, porque os preços da carne estão defasados há mais de 10 anos. Além dessa questão, os indexadores da criação de gado demandam grandes gastos, e o produtor rural tem um pequeno ganho.”

Raphael Kassar aponta que a queda do preço da carne só ocorrerá após melhorias nas condições do tempo e esse fator depende, em grande parte, das chuvas. “Estamos em período de estiagem. O que necessitamos para recuperação das pastagens é a chuva, pois assim haverá alimento para a criação dos animais e uma maior oferta de produto no mercado. A grande questão é que essa solução é demorada, o consumidor e o produtor terão de esperar, pois não é uma questão de solução rápida, isso demanda um tempo”, concluiu.