Em nota divulgada na noite de ontem, a servidora da Receita Federal Adeildda Ferreira Leão dos Santos afirmou que nunca contribui ou agiu “para a quebra de sigilo de nenhum contribuinte, seja ele político, famoso ou não”.

Foi do terminal de computador de Adeildda que teriam vazado as informações sigilosas de quatro tucanos, entre eles o vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge. A senha usada para acessar os dados foi da servidora Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves da Silva. Os dados teriam sido acessados no dia 8 de outubro do ano passado. Adeildda está sendo investigada pelo vazamento.

Na nota, assinada por Adeildda e escrita com o auxílio do advogado Marcelo Panzardi, a servidora afirma que está lotada na Receita Federal há 23 anos e que nunca foi filiada a nenhum partido político. Ele afirma que, ao ser chamada para depor na Corregedoria da Receita no inquérito que investiga os vazamentos, “não sabia nem quem era e o que fazia o sr. Eduardo Jorge”.

Segundo ela, todas as suas contas bancárias estão à disposição da Polícia Federal, além do sigilo fiscal e telefônico. “Não há necessidade de pedidos judiciais”.

A servidora diz, na nota, que era uma espécie de auxiliar na Receita Federal. Ela ainda afirmou que respondia às solicitações de Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, então gerente da unidade do ABC Paulista. Era de Antonia a senha utilizada para o vazamento dos dados sigilosos dos tucanos.

“Respondia a pedido de minha chefe, com a senha dela, entregue a mim por ela mesma, ofícios de Juízes e imprimia declarações de imposto de renda, imprimia, ainda, extratos de situação fiscal também a pedido da chefia, enfim, meu papel era auxiliar na rotina de trabalho”, afirmou.

Adeildda afirma que em nenhum momento imprimiu as declarações de Imposto de Renda de Eduardo Jorge. Ela disse que no dia em que os dados foram violados – 8 de outubro- ela saiu para almoçar com o marido e voltou apenas para pegar suas coisas e ir embora, por volta das 13h10min.

“Se o acesso fosse no dia anterior ou no dia seguinte (ou até no mesmo dia mais cedo) poderia até ter sido eu que imprimi, já que fazia parte de minha rotina imprimir declarações de imposto de renda, no entanto, sempre a pedido de meus superiores e com a senha da Sra. Antonia, que me fornecia, assim como para outras pessoas, com finalidade de ajudá-la no trabalho”, afirma.

Segundo a servidora, ela recebia o CPF da pessoal para acessar uma declaração. “Eu fazia o acesso, a impressão e entregava a quem me solicitou a providência”, afirmou ela. Segundo Adeildda, seu computador era acessado por outros funcionários. A senha utilizada para os acessos ficava anotada em uma agenda, que ela costumava deixar em cima da mesa, afirma na nota.

“Não via problema em outras pessoas usarem o computador, por qualquer motivo que fosse, pois confiava e também porque não consigo enxergar maldade em meus colegas. Muitas vezes chegava para trabalhar e via que meu computador estava ligado, muito embora tenha desligado no dia anterior antes de sair. Quando questionava meus colegas, me diziam que o computador ligava sozinho. Em meu depoimento à Corregedoria informei este fato. O Sr. Corregedor me disse que isso é normal”, afirmou.

“Hoje, diante de tudo o que venho passando, tenho consciência que fui descuidada com meu computador, esse foi meu erro. Quanto a imprimir declarações de forma imotivada, se foram mesmo imotivadas, quem tem que responder sobre isto são os funcionários do escalão superior, eu somente seguia ordens e mesmo hoje vendo toda esta confusão, sob este aspecto eu não acho que errei; sou mera auxiliar e não tenho como saber o que se passa com a chefia, muito menos acesso a informações que pudessem me fazer discernir entre o certo ou errado”, dia ainda a nota.