Quase 20 anos depois, o engenheiro civil Eraldo da Costa Carvalho, hoje com 57 anos, será julgado pela acusação de estupro e assassinato da menina Elizângela Maria Geraldino, ocorrido no dia 4 de dezembro de 1990, em Cuiabá. Ela tinha apenas 11 anos.

Foragido desde a época do crime, ele será julgado à revelia (sem a presença do réu) no dia 9 deste mês, a partir das 9 horas, pelo Tribunal do Júri da Comarca de Cuiabá. A juíza titular da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, Mônica Catarina Perry de Siqueira, já nomeou um defensor público para atuar na defesa do engenheiro.

Segundo o promotor criminal João Augusto Gadelha, o réu foi citado por edital, o que está previsto em lei. “Com réu ou sem réu, haverá o julgamento. Esse é o novo entendimento da lei”, frisou.

Na época apelidado de “Maníaco do Santa Cruz”, o engenheiro confessou ter estuprado a menina praticamente rasgando a vagina da vítima. Não satisfeito, ainda a executou com três tiros de revólver, num terreno baldio, usado como lixão e localizado entre os bairros Santa Cruz e Morada dos Nobres.

Na época, Elizangela estava com o braço e antebraço engessados em conseqüência de uma queda de bicicleta. Isso não foi obstáculo para o assassino.

A confissão ocorreu após Eraldo ficar preso por alguns dias, mas foi colocado em liberdade pela Justiça. Desde então está desaparecido e nunca mais foi visto na Capital. Mesmo com a prisão preventiva decretada, nunca mais foi encontrado. O engenheiro foi considerado pela Polícia como um pedófilo e não descarta a hipótese dele ter feito outras vítimas em outras cidades.

O engenheiro será julgado por homicídio triplamente qualificado – motivo fútil, recurso que dificultou a defesa por parte da vítima e ocultação de autoria do crime para obter vantagem. O Ministério Público Estadual (MPE) entendeu que ele cometeu outro crime – estupro e atentado violento ao pudor, um total de três crimes. Somadas, as penas podem ultrapassar os 50 anos.

A família da menina ficou transtornada, pois muita gente procurava os familiares para tocar no assunto e deixou Cuiabá cerca de um ano depois. Hoje vive em Rondônia. “Foi um crime bárbaro e a família não suportou tanta tristeza. As lembranças estavam vivas e isso pesou”, disse um policial que, na época, participou das investigações.

Uma força-tarefa da Polícia Civil, comandada na ocasião pelos delegados Roberto de Almeida Gil e Antônio Carlos Garcia, trabalhou durante 30 dias até chegar ao engenheiro. Com mais de 100 quilos, ele deu trabalho para a Polícia. Eraldo chegou a agredir alguns policiais.

O engenheiro teve a prisão preventiva decretada, mas seu advogado entrou com recurso no Tribunal de Justiça (TJ) e ele ganhou o direito de responder o crime em liberdade. Dias depois, não foi mais visto. O MPE recorreu da decisão e ele teve a prisão preventiva decretada novamente.

Segundo policiais da Delegacia de Vigilância e Capturas (Decap), a maior dificuldade para localizar o réu está no fato de ter passado tanto tempo e ele ter envelhecido. “As fotos dele são da época do crime. Já se passaram mais de 20 anos. Além disso, pode estar usando nome falso”, lembrou um policial.