O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou nota nesta quinta-feira (16) por meio da qual “repudia” as denúncias de suposto tráfico de influência para a obtenção de empréstimos junto à instituição.

Reportagem publicada nesta quinta pelo jornal “Folha de S.Paulo” revela o suposto envolvimento da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra e seu filho Israel na negociação de propina envolvendo a liberação de créditos do banco para uma empresa privada. Mais cedo, Erenice pediu demissão do cargo.

Na nota, o BNDES afirma que a reportagem “demonstra um total desconhecimento quanto ao funcionamento do banco”. “Repudiamos a insinuação de que o Banco poderia estar envolvido em um suposto esquema de favorecimento para a obtenção de empréstimos junto à instituição e consideramos que a tese demonstra um total desconhecimento quanto ao funcionamento do BNDES”, registra o comunicado.

Segundo a reportagem publicada pelo jornal, a empresa EDRB do Brasil acusou Israel de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no BNDES. Interessada em instalar uma central de energia solar no Nordeste, a EDRB informou, segundo o jornal, que o projeto estava parado desde 2002 na burocracia federal até que, no ano passado, seus donos foram orientados por um servidor da Casa Civil a procurar a Capital Consultoria.

A empresa foi aberta em nome de um dos filhos de Erenice, Saulo, e teria sido usada por Israel para ajudar uma empresa do setor aéreo a fechar contrato com os Correios.

Ainda de acordo com a reportagem, graças à mediação da Capital, representantes da EDRB disseram ter sido recebidos em audiência oficial por Erenice Guerra na Casa Civil, em novembro de 2009, quando ela exercia o cargo de secretária-executiva – a titular do ministério era a hoje candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). A audiência teria sido intermediada por Vinícius Castro, então assessor da Casa Civil, que pediu exoneração na última segunda-feira.

As condições impostas para o negócio – um financiamento de R$ 9 bilhões do BNDES –, segundo relato da empresa ao jornal, seriam seis pagamentos mensais de R$ 40 mil à Capital e uma comissão de 5% sobre o valor do empréstimo.

Os contatos entre a EDRB e a Capital, de acordo com a reportagem, foram feitos por Rubnei Quícoli, consultor da empresa. A EDRB, informou o jornal, diz que se sentiu “chantageada” e cortou negociações com os lobistas. Em 29 de março, o BNDES rejeitou o pedido de empréstimo.

No comunicado divulgado nesta quinta, o BNDES afirma que o projeto da empresa EDRB foi rejeitado por critérios técnicos.