Em meio ao lixo e abandono, lojistas da rodoviária velha amargam queda nas vendas

Em uma lanchonete as vendas caíram 99%, diz a proprietária; mas todos dizem que vão resistir, na esperança de que haja uma solução

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Em uma lanchonete as vendas caíram 99%, diz a proprietária; mas todos dizem que vão resistir, na esperança de que haja uma solução

Após nove dias sem a movimentação de milhares de pessoas que passavam pela antiga rodoviária, o condomínio Heitor Laburu está praticamente abandonado. Pelas ruas do entorno muita sujeira é vista chão: copos plásticos, papéis, canudos e garrafas de refrigerantes, são objetos que tomaram lugar dos pedestres.

Antes da mudança ser feita, mais de 200 comerciantes tiravam o sustento do fluxo de pessoas que passava pelo local. Nos dias atuais, a cena é deprimente. A maioria dos comerciantes fecharam as portas. “O que resta agora é aguardar para que os órgãos públicos tomem uma providência”, diz um dos lojistas, Mário Rodrigues.

”A situação está precária. Ninguém aqui quer desistir. Somos que nem uma família”, diz Maria Cristina Achucarro, dona de uma lanchonete no prédio há 5 anos. “Queremos respeito e trabalho, não queremos mendigar”, conta a comerciante ao relatar com convicção que as vendas caíram 99,9% após a mudança da rodoviária.

A expectativa desses comerciantes era de que o camelódromo assumisse o lugar da rodoviária, porém, a ideia foi descartada pelos próprios ocupantes do camelódromo, o que fez com que esses comerciantes ficassem indignados. “Vou ficar aqui até darem uma posição. Disseram que dia 20 de fevereiro nos dariam uma resposta. “Acreditamos no bom senso dos governantes”, diz Maria ao enfatizar a indignação com o tapume que colocaram em volta da rodoviária. “Isso que eles fizeram foi falta de respeito. Estamos isolados. Estamos de mãos atadas. Os bandidos estão aí, soltos, e nós estamos aqui presos”.

Além dos comerciantes internos da rodoviária, os donos de bares e lanchonetes que ficam do lado de fora da antiga rodoviária também reclamam da mudança. “Antes eu vendia de 250 a 300 espetinhos por dia, hoje eu não vendo 30”, reclama Mário Rodrigues ao destacar que as vendas da lanchonete caíram 70%. “Tive que mandar uma pessoa vender espetinho pra mim em outro ponto, pois somente com as vendas do bar não dá para pagar as despesas que eu tenho”.

Mário conta também que as pessoas que ainda trabalham dentro da antiga rodoviária convivem com o medo. “A menina da banca que antes ía embora às 21 horas agora sai às 17 horas porque tem medo de bandido”. O dono da lanchonete, assim como outros comerciantes do local, aguardam por uma resposta do prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad. “Pediram para ficarmos tranqüilos que tinham um projeto bom para nós depois da mudança, estamos aguardando”, diz ele esperançoso.

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