O bairro se define como o mais corintiano de São Paulo e tem até estação de metrô com o nome do Timão. Em Itaquera, na zona leste da cidade, um “bando de loucos” espera ansioso pelo início das obras do estádio do Corinthians, que deve ter capacidade, ao menos na primeira fase, de 48 mil pessoas. O lugar fica a 500 metros do metrô Corinthians-Itaquera. A longa espera por uma casa, porém, deixou muitos dos corintianos escaldados.

– Eu só acredito vendo – resumiu o porteiro Ivan Lima, que trabalha no CT do Corinthians.

O terreno, localizado ao lado do CT do Timão – utilizado para as categorias de base -, é amplo e já pertence ao clube desde 1988. Praticamente não há moradias nas imediações. Compõem o cenário as estações de metrô e trem, o pátio para os mesmos, uma unidade da Fundação Casa e a construção de uma escola técnica.

Neste fim de semana, vários caminhões e tratores trabalhavam no terreno corintiano, mas nenhum na obra do estádio, e sim na construção de uma adutora da Sabesp. Isso, porém, não quer dizer que as coisas não estão encaminhadas.

Na semana passada, engenheiros da Odebrecht estiveram em Itaquera, fizeram estudo do terreno, medições, analisaram o solo e tiraram fotos aéreas a partir de um helicóptero. A presença da construtora, responsável pela construção da nova casa corintiana, deixou os moradores animados. Muitos deles pouco comparecem ao Pacaembu devido à distância entre os bairros – cerca de 18 quilômetros, e se animam mais para ver jogos dos times de base, que atuam no próprio CT. Neste sábado, Corinthians e Olé Brasil duelavam pelo Campeonato Paulista Sub-17.

– Desde que eu nasci, já tinha esse papo de estádio em Itaquera. E tem de ser aqui mesmo, o bairro mais corintiano de São Paulo, mas só acredito vendo. Para quem mora aqui fica bem mais perto, e para quem vem de longe o acesso é fácil. Mas para nós, da zona leste, será a melhor coisa que poderia ter acontecido – afirmou Ivan Lima.

O acesso não é mesmo dos mais difíceis, apesar da distância. A Avenida Dr. Luís Aires, parte final da chamada Radial Leste, é a principal via de chegada ao bairro para quem vem de outras regiões. Com apenas duas pistas em cada sentido, e mal conservadas, a avenida precisará passar por sérias reformas para atender bem ao público em dias de jogos.

Segundo moradores da região, a Prefeitura de São Paulo visita sempre o bairro para planejar novas obras viárias que facilitem a locomoção. Assim, quem mora na zona leste não sairia beneficiado apenas pelo estádio. A expectativa é de que a infra-estrutura também melhore e a região se valorize. Hoje, em frente ao terreno, há uma unidade da Fundação Casa – que inclusive foi alvo de rebelião na semana passada. O Governo do Estado já prometeu deslocar os menores para um outro local.

– Quem tem casa por aqui está feito. Acho que vai valorizar muito sim. Imagine isso aqui numa Copa do Mundo? Acho que agora podemos acreditar, mas é bom esperar mais um pouco. Estou confiante – disse o porteiro.

Comerciantes também estão de olho no lucro que um estádio pode trazer para Itaquera. O vendedor José Vieira Pereira trabalha em frente ao CT há três anos, com um carrinho de lanches. Nomes como ele estão espalhados pelo bairro e fazem sucesso. O possível aumento no movimento já anima José.

– Com o estádio aqui vai ser ótimo, podemos lucrar bastante. Hoje dá pra sobreviver com o que ganho aqui, mas se o movimento aumentar do jeito que está pintando, será ainda melhor – admitiu o vendedor.

Nos últimos anos, o terreno foi sondado para outras construções, que vão de supermercado a estacionamento. A que esteve mais próxima de ocorrer foi um shopping, mas este foi levantado a poucos metros de distância dali, colado à estação do metrô.