A discussão sobre o futuro dos livros, que fechou a segunda noite da Flip nesta quarta-feira (5), foi retomada na manhã desta quinta pelos historiadores Robert Darnton e John Makinson. Na  mesa “O livro: capítulo 2”, mediada por Cristiane Costa, eles fizeram um balanço das novas tecnologias ligadas ao livro e sugeriram que estamos vivendo uma nova era, com a emergência da “quarta tela” dos tablets e e-readers – após as telas da televisão, do computador e do celular.

Antes do início do debate, foi exibido um vídeo cômico sobre a chegada do códex em substituição aos rolos de papiros, cinco séculos atrás, num paralelo com a transição que vivemos hoje.

O debate foi interessantíssmo para qualquer pessoa interessada no futuro do livro num mundo crescentemente digital. “Somente este ano 1 milhão de livros serão impressos no mundo, então, de certa forma, é absurdo dizer que o livro está morrendo”, lembrou Makinson, o convidado mais otimista. “Da mesma forma que a televisão não matou o rádio, acredito que o livro digital e o livro impresso serão complementares. Mas é inegável que o negócio das livrarias físicas está em declínio, não somente pela ameaça representada pelo livro eletrônico, mas também pelas vendas online de empresas como a Amazon.”

Privatização do saber
Darnton se mostrou mais apreensivo, sobretudo com o processo em curso de privatização de um patrimônio universal, por meio da digitalização de bilbiotecas inteiras por empresas privadas, como o Google, que já disponiblizou 2 milhões de títulos em domínio público para acesso grátis, mas pretende cobrar pelo acesso a outros livros digitalizados:

“Eu admiro o Google, que em 20 anos revolucinou a forma de processarmos informações, mas ao mesmo tempo ele representa uma ameaça. Quando livros da Biblioteca de Harvard são vendidos em forma digital, o saber está sendo privatizado.”

Darnton e Makinson também falaram do risco de a indústria editorial sofrer um colapso semelhante ao da indústria fonográfica.