O sistema de ensino desenvolvido no Estabelecimento Penal de Amambai (EPAm) está sendo reforçado com a realização do “Projeto Águia”, uma atividade paradidática que usa elementos de Psicologia, informação e entretenimento, para estimular nos reeducandos-alunos reflexão, questionamentos e conscientização social e ética, e, ainda, auxiliá-los na construção de um novo modelo de vida.

De acordo com a coordenadora do projeto, psicóloga Verônica Cristina da Silva Lima, são realizadas palestras, leituras de textos, apresentação de vídeos, dinâmicas, e uso cartilhas de estudo, além de discussões em grupo. “Sempre com a participação de um especialista no tema proposto ou alguém que atua na área”, esclarece a psicóloga.

A coordenadora ressalta que a educação no sistema penitenciário exerce um papel fundamental junto aos internos, podendo gerar neles a capacidade de reflexão e compreensão da situação em que vivem, e, a partir daí, possam desejar a transformação dessa realidade. “Para tal, é necessário trabalhar conceitos fundamentais, como família, dignidade, liberdade, cidadania, saúde física e emocional, valores, entre outros”, comenta. “Com o projeto Águia, pretendemos fazer essa provocação”, completa.

Com cinco meses do início do projeto, os detentos já participaram de discussões sobre temas importantes, como autoestima e valores, DST-AIDS, saúde física e mental e uso de drogas proibidas. Também faz parte do cronograma de atividades discussões sobre cidadania, trabalho, tabagismo e alcoolismo, qualidade de vida e sexualidade.

Os encontros do “Projeto Águia” acontecem uma vez por mês, com tempo médio de duração de 120 minutos. Os temas trabalhados são repercutidos pelos professores em sala de aula.

No último encontro, realizado no final do mês passado, o assunto abordado foi o uso de drogas, com palestra do responsável em Amambai pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), sargento da Polícia Militar Geraldo Silva. O tema discutido foi o uso drogas lícitas e ilícitas, seus efeitos e consequências para usuários, família e sociedade como um todo. O palestrante utilizou slides com figuras e imagens chocantes, músicas com mensagens de apologia às drogas, e realizou dinâmicas em grupo.

Segundo o diretor do EPAm, Alexandre Ferreira de Souza, a iniciativa tem superado as expectativas, com participação expressiva dos reeducandos que estudam, trazendo reflexos positivos inclusive para a rotina de disciplina.

A iniciativa também está servindo de exemplo para outras unidades penais do Estado. Conforme a Divisão de Educação da Agepen, baseados nesse projeto piloto desenvolvido no Estabelecimento Penal de Amambai, presídios de Rio Brilhante e Naviraí também já estão desenvolvendo trabalhos paradidáticos voltados para valorização da autoestima e conscientização social e ética dos reeducandos.

A realização dos projetos conta com o apoio da Escola Estadual Polo Profª. Regina Lúcia Anffe Nunes Betine responsável pelo ensino nos presídios de Mato Grosso do Sul.