Dilma era ‘animal político não trabalhado’, diz Lula em entrevista
Em entrevista publicada na edição desta semana da revista “IstoÉ”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela como escolheu Dilma Rousseff para concorrer à sua sucessão e afirma que a candidata petista era “animal político não trabalhado”. “Quando ela veio para a Casa Civil começamos a trabalhar juntos, a nos reunir cotidianamente, a discutir […]
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Em entrevista publicada na edição desta semana da revista “IstoÉ”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela como escolheu Dilma Rousseff para concorrer à sua sucessão e afirma que a candidata petista era “animal político não trabalhado”.
“Quando ela veio para a Casa Civil começamos a trabalhar juntos, a nos reunir cotidianamente, a discutir as reuniões. Aí eu percebi que estava diante de um animal político não trabalhado. De um animal político que foi educado a vida inteira para ser técnica. E eu comecei a falar: bom, agora nós temos que descobrir o lado político de Dilma”, afirmou Lula na entrevista.
Segundo o presidente, foi durante um evento do governo na Favela da Rocinha, em março de 2008, que a ideia de “preparar” Dilma surgiu. “O primeiro momento que me veio na cabeça [que Dilma poderia ser sua sucessora] foi quando eu, na Favela da Rocinha, no Rio, disse que ela era a mãe do PAC. Ali, na verdade, eu estava começando a preparar”, respondeu Lula ao ser questionado sobre qual teria sido “o primeiro momento” em que pensou no nome de Dilma para a disputa.
Lula, no entanto, negou que já estivesse com a frase planejada para ser dita no evento: “Foi na hora, em função do clima, que eu falei. E foi importante naquele momento.”
O presidente argumentou ainda que o episódio do mensalão de 2005 modificou o “quadro político” e que, se não tivesse acontecido, possivelmente o candidato a sucedê-lo seria outro. “Obviamente, se não tivesse acontecido com o PT o que aconteceu em 2005, o quadro político poderia ser outro”, argumentou.
Ao falar de Dilma, Lula disse acreditar no amadurecimento político da ex-ministra. “Eu acho que a Dilma está extremamente preparada e madura politicamente. Acho que a vantagem da Dilma é que ela não tinha pretensão. Acho que jamais passou pela cabeça da Dilma que ela seria escolhida candidata a presidente da República”, disse.
Ao falar de sua vida após deixar o Palácio do Planalto, Lula disse que vai pensar durante “cinco a seis meses” o que fazer como “ex-presidente”: “O meu medo é tomar uma atitude precipitada sobre o que eu vou fazer. Montar alguma coisa e depois de seis meses descobrir que não era aquilo. Então, acho que alguém que deixa o mandato, como vou deixar, numa situação graças a Deus muito confortável, (…) ficarei no meu canto, curtindo o fato de ser um ex-presidente da República.”
Até o final do mandato, por outro lado, Lula avisou que irá trabalhar intensamente: “Tem muita coisa para acontecer, e sabe do que eu tenho medo? Eu sou muito amante do futebol e o que eu jamais faria como técnico é marcar um gol, correr para a retranca e ficar esperando o adversário vir para cima de mim. Então, tenho muito trabalho pela frente. Quero trabalhar até o dia 31 de dezembro. Tenho agenda até o dia 29 de dezembro, tenho agenda no dia 28 de dezembro, eu quero ter agenda até o último dia de trabalho. No dia que eu entregar a faixa para quem for eleito presidente da República, aí sim…”
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