Embora alguns empresários relatem que a Copa do Mundo tem trazido prejuízos para seus negócios, os desdobramentos do evento podem gerar benefícios em larga escala para todo o país. Foi o que disse à Agência Brasil o economista Christian Travassos, da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio/RJ).

O comerciante Cícero Cabral, por exemplo, dono de uma papelaria na Rua da Alfândega, no centro do Rio, afirmou que os dias de jogos do Brasil na Copa, apesar de diferentes dos feriados comuns, são muito ruins para os negócios.

“Sempre em dia de jogo da seleção na parte da manhã, o faturamento cai em torno de 70%, o que equivale a R$ 4,5 mil”.

Do mesmo modo, o gerente de um restaurante na Avenida Rio Branco, Gustavo Delarue, afirmou que não há outra alternativa senão fechar o estabelecimento nos dias dos jogos, o que reduz o faturamento.

“Não compensa colocar todo o bufê pronto e não vender. Preferimos não abrir mais em dia de jogo para evitar ter um prejuízo maior. Comércio fechado dá prejuízo, mas aberto [sem movimento] é pior”, afirmou.

Os comerciantes alegam que a classificação do Brasil para as quartas de final hoje (2), ou o título de hexacampeão podem prejudicar ainda mais o setor. A análise é refutada pelo economista Christian Travassos.

“A gente não vê como prejudicial ao comércio. Pelo contrário. São novos produtos que surgem. O Brasil ganha destaque, visibilidade. Só o fato de ser o próximo país a sediar a Copa já significa um fluxo de informações e oportunidades muito importante para os empresários”.

Para Travassos, a retração nas vendas não está sendo sentida pelo comércio em geral. Alguns segmentos, como mercados e supermercados, estão indo muito bem. O mesmo sucede com a venda de produtos temáticos. Ele acredita que a queixa dos empresários do comércio pode estar vinculada à propensão do brasileiro de comemorar a Copa na casa de amigos ou no próprio ambiente de trabalho.

Essa tendência começou no primeiro semestre do ano passado, em razão da crise financeira internacional que levou as pessoas a gastar menos fora de casa, mas também por conta de fatores como a influenza A H1N1 – gripe suína e a Lei Seca.

“A Lei Seca inibiu um pouco a saída noturna. Nesta Copa, a gente tem registrado avanços significativos dos indicadores de consumo para comemorar no ambiente de trabalho ou na casa de parentes e amigos”.

Segundo ele, a compra de produtos temáticos foi feita nos meses de maio e junho, como no caso da decoração de casas e ruas. “Agora, há um arrefecimento dessas vendas. É natural”.

Pesquisa da Fecomércio com mil pessoas em 70 cidades, incluindo nove regiões metropolitanas do país, mostrou que devem ser vendidos até o final da Copa cerca de 16 milhões de camisas do Brasil; 6,5 milhões de aparelhos de televisão; 1,3 milhão de serviços de TV por assinatura; 900 mil bandeiras, 684 mil bonés e 663 mil cornetas, como as já famosas vuvuzelas.