Arquiteta morreu queimada viva dentro do próprio carro; antes, ela teria sido esganada pelo marido, que está preso. Empresário usou solvente para por fogo no veículo, afirma polícia

O delegado Wellington de Oliveira, que conduz a investigação do caso da arquiteta Eliane Aparecida Nogueira, 39, achada morta dentro do carro incendiado, em Campo Grande, afirmou que a polícia tem ao menos quatro provas supostamente incontestáveis de que o crime foi cometido pelo empresário e ex-marido dá vítima, Luiz Afonso Andrade dos Santos.

A primeira delas: o policial descobriu a falta de 5 litros de aguarrás, solvente que o acusado teria usado para queimar o carro no dia do crime, ocorrido no início deste mês. O produto era guardado na empresa de Luiz Afonso, um negócio ligado a iluminação.

O empresário foi detido no mesmo dia do crime, mas nega envolvimento na morte da arquiteta, com quem viveu junto por dois anos e meio e havia se separado há três dias do assassinato.

O delegado relatou que às 13h30 minutos do dia do assassinado, os dados do alarme da loja de Luiz Afonso revelam que ele esteve no local. “Acreditamos que o acusado pegou a aguarrás para queimar o carro da vítima no seu próprio empreendimento”, argumentou Wellington de Oliveira, que complementa: “O funcionário da loja do acusado foi levado no dia seguinte ao local para realizar um levantamento dos produtos, o que constatou a falta da mesma quantidade do solvente”.

Outra prova que pode incriminar o empresário, segundo o delegado, tem a ver com pedaços da camisa do acusado achados grudados no corpo da arquiteta, que teria sido esganada, posta no banco traseiro e carro, que depois foi incendiado pelo empresário.

De acordo com a perícia, ela foi queimada viva. Além disso, imagens captadas pelo circuito interno de uma conveniência situada a 1,4 mil metros do local do crime, mostram o empresário passando por lá com o carro da arquiteta, depois retornado a pé. O depoimento de um taxista que levou Luiz Afonso até a empresa na madrugada do crime também reforça a tese defendida pelo delegado, a de que o empresário matou a ex-mulher.

Todas as provas foram anexadas ao inquérito. Contatado na noite desta quinta-feira, o delegado Wellington de Oliveira afirmou ao Midiamax que o inquérito será relatado na segunda-feira, o que acarretará o pedido de prisão preventiva no mesmo dia.
Com a possível mudança, Luiz Afonso ocupará uma cela com mais de 32 detentos na 4ª Delegacia de Polícia.

O empresário Luiz Afonso continua a negar o crime, e afirma que só irá “falar em juízo”. Segundo Wellington de Oliveira, Luiz teria confessado o crime, sem estar sob juízo, para o próprio delegado e várias outras pessoas. A “confissão” teria sido realizada após Wellington apresentar os laudos necropciais do corpo de Eliane.

Questionado sobre a possibilidade dessa “confissão” ter vazado para a imprensa, Wellington de Oliveira não acredita que tal fato ajude a defesa do acusado. “Temos muitas provas, técnicas, de imagens e várias outras. O trabalho da polícia foi muito ágil, e o fato de Luiz Afonso continuar negando o crime só piora sua situação”, concluiu o delegado.