Até esta última semana de fevereiro, a Vigilância em Saúde de Corumbá registrou 373 notificações de suspeita de dengue. Desse total, 53 casos tiveram os resultados laboratoriais como positivos. “Após o carnaval, a Vigilância já espera um aumento nos casos de dengue. Apesar de já termos recebido mais de 300 notificações, estamos registrando nesta última semana do mês, um decréscimo nos registros de casos e essa é a meta, diminuir os casos”, informou ao Diário a gerente de Vigilância em Saúde de Corumbá, Viviane Ametlla.

No ano passado, a Vigilância contabilizou 7.262 suspeitas da doença e confirmou 5.694 casos. “Em 2009 tivemos uma forte epidemia da doença, principalmente após o carnaval, porém nenhuma morte. É de grande importância frisarmos que em Corumbá houve apenas 3 casos de dengue hemorrágica no ano anterior”, ressaltou Viviane.

A gerente explicou que a Vigilância segue em alerta. O surto de dengue registrado em 2009 foi após o carnaval. “Para evitarmos que os crescentes casos da doença se repitam em 2010 é que adotamos uma atitude de combate efetivo nesta época. Foi visando este período de propagação do surto que as ações se intensificaram desde o começo do ano, com campanhas e limpezas de terrenos que perduram até hoje”, disse.

Viviane Ametlla contou que desde o carnaval, o fumacê começou a percorrer a cidade, principalmente as áreas que apresentaram casos de notificação da doença. “O fumacê já percorreu alguns bairros e irá percorrer o Centro. Não há necessidade de percorrer a cidade toda, até porque se o uso for constante, há uma possibilidade de os mosquitos sofrerem mutação e esse método se tornar ineficaz”, explicou.

A gerente de Vigilância esclareceu que para se chegar ao uso do fumacê as outras ações já foram feitas e uma mais drástica precisa ser tomada. “Com o levantamento de casos de dengue de 2009, pudemos fazer um planejamento das ações de combate para 2010. Planejamos usar o fumacê neste período, pois é a época em que mais os mosquitos se proliferam. A limpeza visa combater as larvas para que os mosquitos não cresçam e o fumacê para acabar com aqueles que conseguiram sobreviver”, disse Viviane.

Em Corumbá, os vírus da dengue que circularam são dos tipos 1 e 2. Em Campo Grande e na Bolívia, já circula o vírus do tipo 3, que é uma forma mais grave. “Neste ano, os pouco mais de 50 casos de dengue confirmados são do tipo 1 e 2. Apenas um caso de dengue do tipo 3 foi atendido na cidade, mas este foi em uma clínica particular. Não há motivos para alarme, o que as pessoas devem fazer é manter a limpeza e impedir os focos da dengue. O fumacê está sendo usado para combater os mosquitos e a limpeza visa combater as larvas”, reforçou o médico Emerson Ferreira Moreira, gerente de Atenção em Saúde.

Descuido de terceiros

O bairro Universitário foi o que apresentou um maior índice de focos de dengue na cidade. Por isso, foi o primeiro a receber medidas de combate à doença. “Somos cinco pessoas em minha casa e quatro pegaram dengue. Foi uma situação complicada, eu pensei que fosse morrer, porque a doença nos deixa de cama, fraca”, contou a autônoma Helena Leal Vilalba, 61 anos. Moradora no Universitário desde 1978, ela disse que nunca passou por uma situação desta. “Fui a primeira a contrair a doença, depois meus dois netos e meu esposo que ainda hoje está com sintomas. Fiquei com muita febre, dor no corpo, parecia que eu havia quebrado alguma parte do corpo, além da ânsia de vômito. De certa forma é revoltante porque em meu quintal as coisas são arrumadas, mantemos tudo limpo e mesmo assim pegamos a doença, por descuido de outras pessoas”, contestou.

“Além dos sintomas clássicos de mal-estar, febre, dores de cabeça, a dengue deste ano vem acompanhada principalmente de vômito e diarréia. Se a pessoa tiver esses sintomas deve sempre procurar um médico e evitar automedicação. Nos casos de diarréia e vômito, a hidratação pode começar em casa após o primeiro sintoma, mas apenas a hidratação com soro caseiro, nada de outros remédios”, frisou o médico Emerson Moreira.

Morte suspeita

A Prefeitura de Corumbá está investigando um caso de óbito de um homem de 39 anos, ocorrido no município, cuja causa do falecimento foi atestada como dengue com complicação (dengue hemorrágica/falência múltipla dos órgãos). A Secretaria Executiva de Saúde Pública aguarda resultados dos exames de sorologia, que darão a confirmação ou não da suspeita de dengue, para prestar maiores esclarecimentos. As investigações da Vigilância Epidemiológica identificarão também, caso a suspeita se confirme, a origem do caso, ou seja, se o paciente contraiu ou não a doença em Corumbá.