A primeira fase da Copa do Mundo chegou ao fim confirmando a boa fase das seleções da América do Sul – todas se classificaram para as oitavas de final – e expondo a crise do futebol europeu. A fase de mata-mata do primeiro torneio realizado na África contará com apenas uma seleção do continente – Gana – e com duas surpresas asiáticas: Japão e Coreia do Sul.

Itália e França, campeã e vice do último Mundial, disputado na Alemanha, em 2006, são o retrato dessa decadência do futebol europeu. Com elencos desunidos e formados por jogadores veteranos, as duas seleções tiveram campanhas lamentáveis. Representam o maior fiasco do torneio: não venceram nenhum jogo, ficaram na última posição em seus grupos e foram eliminadas.

A Europa, que começou o torneio com 13 seleções, vai para as oitavas com apenas seis times na disputa. O destaque é a Eslováquia. Estreante em Copas, protagonizou a maior zebra do torneio até agora, ao despachar a Itália. Alemanha e Inglaterra, que se enfrentam neste domingo, são as duas únicas europeias que já se tornaram campeãs mundiais. E as duas tiveram de suar para garantir a classificação. Espanha, Holanda e Portugal completam o contingente europeu nas oitavas.

O desempenho sul-americano foi excelente. Apenas o Chile sofreu derrota e se classificou como segundo de seu grupo. Mesmo assim, empatou com a poderosa Espanha em número de pontos, perdendo a primeira posição apenas no saldo de gols. Como esperado, Brasil e Argentina se classificaram sem sustos. Uruguai e Paraguai se superaram e também se impuseram em seus grupos.
Estados Unidos e México completam as oitavas. Vice-campeões da Copa das Confederações, os norte-americanos chegaram com pompa, mas só se classificaram com vitória dramática, no último minuto, sobre a Argélia. O México se impôs à França e empatou sem gols com a África do Sul para garantir a vaga. A eliminação dos “Bafana Bafana” foi a primeira de um anfitrião na primeira fase.

Média de gols cai. Esquemas defensivos, pavor de levar gol, mira descalibrada, Jabulani descontrolada. As desculpas sobram, os gols minguam. A primeira fase da Copa terminou com a pior média da história do torneio. Foram 101 em 48 jogos. Média de 2,10 por partida. O recorde negativo anterior era da Copa da Itália, em 1990, quando as 24 seleções inscritas balançaram as redes 82 vezes em 36 jogos – média de 2,27. Nem as goleadas salvaram. A fase de grupos chegou ao fim com três delas: Portugal 7 x 0 Coreia do Norte, Alemanha 4 x 0 Austrália e Argentina 4 x 1 Coreia do Sul.

Já o número de jogos sem gol foi maior. Foram seis partidas sem que as redes fossem balançadas. Mais um recorde negativo. Em 2006, na Alemanha, foram cinco 0 x 0 na fase de grupos; em 2002, na Coreia e Japão, dois; e em 1998, na França, quando pela primeira vez a Copa foi disputada por 32 seleções, três partidas não tiveram gols na primeira fase.

Em uma Copa de sistemas defensivos quase intransponíveis, foi difícil para que surgisse um artilheiro na África do Sul. Hoje, com 16 seleções brigando pelo título, três jogadores aparecem no topo da lista de goleadores – o argentino Higuaín, o eslovaco Vittek e o espanhol Villa. Todos eles marcaram três vezes e ainda sonham em ampliar o placar, já que suas seleções irão disputar, pelo menos, as oitavas de final.