Comando da campanha de Dilma quer apoio para rifar Temer

O comando da campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto tem resistências à indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), como vice da chapa petista e procura construir alternativas na seara do PMDB sem deixar digitais na operação política. Na expectativa de que muitos aliados desejem rifar Temer, petistas […]

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O comando da campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto tem resistências à indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), como vice da chapa petista e procura construir alternativas na seara do PMDB sem deixar digitais na operação política. Na expectativa de que muitos aliados desejem rifar Temer, petistas estimulam agora, nos bastidores, os partidos da frente de apoio a Dilma a opinar sobre o vice.

A tática não implica mudança na estratégia geral. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT querem o PMDB de vice na chapa e avaliam a parceria como fundamental para eleger a chefe da Casa Civil. O problema está concentrado em Temer, que, na opinião do governo, não tem voto nem agrega apoio, apesar de ser de São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.

A dobradinha com o PMDB foi assunto da reunião promovida pela corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária no PT, na sexta-feira e no sábado, em São Roque. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu repetiu ali a opinião manifestada por Lula em dezembro: a candidata precisa ser consultada antes de batido o martelo sobre o vice.

“Não existe indicação de vice sem acordo mútuo entre os partidos da coalizão que apoiará a candidatura”, afirmou Dirceu, insistindo em que a posição era pessoal e já havia sido manifestada em seu blog. Para o ex-ministro ? que voltará a ocupar assento na direção do PT ao lado de outros réus do mensalão ?, a prioridade, hoje, não é o nome do vice, mas sim a montagem dos palanques estaduais.

As cúpulas do PT e do PMDB marcaram novo encontro para amanhã, na tentativa de fechar acordo em Estados onde os dois partidos vivem às turras, como Pará, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Minas. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, quer concorrer ao governo de Minas e está em rota de colisão com o PT ? que tem dois pré-candidatos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.

Costa admite trocar a disputa em Minas pela vaga de vice de Dilma, mas fatia considerável do PMDB torce o nariz para essa ideia. Para fortalecer Temer, a convenção do PMDB ? que vai reconduzi-lo à presidência do partido ? foi antecipada em um mês, de março para 6 de fevereiro. No fim do ano passado, o nome de Temer apareceu na Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. Ele classificou como “safadeza e indignidade” a denúncia de que teria recebido R$ 410 mil da construtora Camargo Corrêa entre 1996 e 1998.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cristão novo no PMDB, também está de olho na cadeira de vice e a opção ganha força no governo. Mas auxiliares de Lula dizem que o Planalto não vai esticar a corda se perceber que só Temer garantirá a manutenção da aliança.

Em dezembro, Lula provocou a ira do PMDB ao sugerir a indicação de uma lista tríplice para que Dilma escolhesse seu vice. “Isso é que nem casamento”, comparou o presidente. “Quem vai casar com o vice é a candidata e você não pode empurrar alguém que não tenha nenhuma afinidade com ela, porque aí será a discórdia total, não é?”. Dias depois, Lula tentou jogar água na fervura da crise. “Temer é um grande companheiro”, elogiou.

Convencido de que está em curso a fritura de Temer, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), avisou que seu partido não aceitará imposições. “O PMDB não veta ninguém, mas também não admite ser vetado.” Depois, mais cauteloso, afirmou que “o PMDB é uma sorveteria cheia de qualidades” e tem outros nomes. Destacou, porém, que Temer é o que mais unifica a sigla.

“Do jeito que o PMDB está fazendo, não está adequado”, disse o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). “Eles acham que há um tensionamento no PT e estão vendo briga onde não existe”. Para Vaccarezza, Temer é a melhor opção. “Há companheiros que acham outra coisa, mas quem vai decidir é o PMDB, Dilma e os partidos da frente, com pouco peso do PT”, amenizou.

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