Quatro dias depois de comparecer espontaneamente ao 2º Distrito Policial de Santos para contar o que sabia da relação conturbada entre o goleiro do Flamengo Bruno e a estudante Eliza Samudio, de 25 anos, a amiga da mulher desaparecida desde o começo de junho deixou a cidade, com medo de sofrer perseguições, seja da mídia ou a mando do próprio jogador.

O jogador está sendo investigado em inquérito que apura o sumiço da jovem, com quem teria um filho de quatro meses, fruto de relação extraconjugal. A família da testemunha não quis revelar o paradeiro da moça, que tem 35 anos, afirmando apenas que ela está a mais de oito horas de distância da Baixada Santista e praticamente incomunicável.

A amiga de Eliza compareceu à delegacia na última segunda-feira (28), acompanhada do pai, e durante cerca de meia hora falou o que sabia ao delegado titular do 2º DP, Luis Eduardo Fiori Maia. O policial afirmou que apenas colheu o depoimento e o encaminhou por fax à polícia mineira. Ele informou que não poderia dar mais informações sobre o caso, pois não estava à frente das investigações.

Em sua declaração à Polícia Civil, a testemunha revelou que conheceu Eliza há um ano e meio, por intermédio de uma conhecida em comum. As três moraram juntas em um apartamento em São Paulo e, naquela época, Eliza já estava grávida. Ela contou às colegas que o pai da criança era Bruno e que havia se mudado do Rio de Janeiro para São Paulo, após o goleiro ter proposto um aborto.

A testemunha também informou à polícia que ouviu o goleiro Bruno ameaçando Eliza de morte mais de uma vez em ligações telefônicas. Ela revelou ainda que, além do jogador do Flamengo, amigos dele, identificados como China e Marcelo, costumavam telefonar para Eliza e perguntar seu endereço, dizendo que pretendiam enviar recursos materiais a pedido do goleiro.

Entretanto, segundo a amiga de Eliza, o endereço onde elas moravam nunca foi revelado a eles. Em janeiro passado, a amiga da ex-namorada de Bruno deixou o apartamento e, em fevereiro, com o nascimento da criança, a Eliza retornou ao Rio.

De acordo com a testemunha, a última conversa entre elas foi em 5 de junho, por volta das 19h. Eliza telefonou para ela de um aparelho que não era seu, informou que estava em Minas Gerais com o filho “resolvendo algumas coisas”, e que não estava encontrando seu próprio celular.

Três horas depois, a mulher recebeu outra ligação do mesmo aparelho, desta vez de alguém que queria saber quem ela era, mas a mulher que morou com a desaparecida não se identificou.