Candidato a vice na chapa presidencial petista, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), diz sentir um “clima favorável” à vitória nas urnas e percebe nos Estados uma “convicção de que (Dilma) vai ganhar”. Embora invista no discurso de que é preciso manter uma postura de cautela até as eleições, no dia 3 de outubro, o parlamentar já se refere sucessivamente à ex-ministra da Casa Civil como “presidente”.  “Meu relacionamento com a presidente Dilma é uma relação de muita cordialidade, muito respeito e muita amizade”, disse, em uma das citações à presidenciável.

Ele avisa inclusive que prefere chamá-la de “presidente” e não de “presidenta”, versão preferida de boa parte do alto comando do PT. “Vou chamar de presidente. Eu acho que é apropriado e creio que ela não considere inapropriado.”

Temer diz ter sido “agradavelmente surpreendido” com o avanço da candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas. Ele chegou a admitir que, no início da pré-campanha, a então ministra da Casa Civil pode ter cometido alguns deslizes no tratamento dado à imprensa. “Se ela teve esse pequeno embaraço, ela jamais voltou a cometê-lo”, afirmou, quando questionado sobre o fato de Dilma ter subido o tom em uma entrevista concedida quando uma falha atingiu as linhas de transmissão da usina de Itaipu, em novembro do ano passado.

Ainda assim, ele a classifica como uma candidata “preparadíssima”. “Jamais imaginei que a Dilma pudesse ter escorregões porque ela está preparadíssima, conhece o governo como ninguém. Foi o braço direito do presidente Lula. Está com traquejo oratório, presença na televisão, muito adequado. Ela jamais perde a classe de alguém que disputa a presidência da República. Não há o que mudar nela.”

Embora tenha investido no discurso otimista, Temer evitou apostar em uma vitória logo no primeiro turno. Ainda assim, disse que o desempenho de Dilma nas pesquisas ficou acima de suas expectativas. “Nós esperávamos que o empate só se daria com o Lula na televisão, e esse empate já se deu antes, e até passou”, afirmou, em referência ao início da transmissão do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, que vai ao ar a partir desta terça-feira. “O programa na televisão vai facilitar ainda mais o desempenho nas pesquisas”, afirmou.

O vice reforçou que o PMDB está reunificado, negou acordo prévio sobre distribuição de cargos e garantiu que a negociação “ficou para depois”. De acordo com ele, o espaço do partido no governo vai depender “da presidente Dilma, que terá um grande poder para decidir quem chama e quem não chama”. Sobre suas declarações em um almoço com senadores, em que pregou a “partilha do pão”, Temer classificou o episódio de “singelo, uma simplicidade quase acaciana”. Afirmou que foi uma “palavra de incentivo” para contar com a colaboração de diversos partidos na campanha. “A presidente saberá compor o governo com as pessoas mais qualificadas, mas isso é uma coisa para depois”, reiterou

Caso Dilma seja eleita, Michel Temer espera que haja um revezamento na presidência da Câmara, como aconteceu no governo Lula. Três vezes presidente da Casa, ele disse acreditar que o PMDB conseguirá superar a marca de 90 deputados após o pleito de outubro. “Se o PT e o PMDB forem os maiores partidos na Casa, e tudo indica que vão ser, eu tenho quase absoluta convicção de que haverá um ajustamento para que o PMDB ocupe um biênio e o PT ocupe outro biênio”, afirmou.