A Caixa Econômica Federal reforçou no fim de 2009 sua estratégia de ganhar espaço no mercado de crédito, mesmo à custa de margens menores, e deu sinais de que essa tendência será estendida este ano.

O banco controlado integralmente pelo governo federal reportou lucro líquido de 972 milhões de reais no quarto trimestre do ano passado, crescimento 57,3 por cento em relação ao obtido em igual período de um ano antes. Mas na comparação do ano todo, o lucro encolheu 22,8 por cento, para 22,8 por cento.

Segundo a presidente da instituição, Maria Fernanda Coelho, esse declínio é explicado por um resultado fiscal extra de 840 milhões de reais que inflou o lucro de 2008, mas também pela decisão da Caixa de reduzir fortemente as taxas de juros –a reboque do esforço do governo de fazer os bancos estatais ampliarem a oferta de crédito para conter os efeitos da crise global.

Assim, embora a carteira de crédito da Caixa tenha chegado a 124,37 bilhões de reais em dezembro, num salto anual de 55,3 por cento (dez vezes o ritmo médio de expansão do mercado no período), o resultado com intermediação financeira evoluiu apenas 2,9 por cento no ano, depois de o banco ter reduzido sete vezes as taxas de juros de suas linhas de crédito.

“Exercemos nossa função de banco público; não temos compromisso com o lucro máximo”, afirmou Maria Fernanda a jornalistas nesta sexta-feira.

E, apesar dessa expansão acelerada nos financiamento, a Caixa manteve um nível de inadimplência em nível bastante inferior ao de seus concorrentes. No último trimestre de 2009, seu índice, medido pelo saldo de operações vencidas com prazo superior a 90 dias, era de 3,4 por cento, ante 4 por cento um ano antes.

A Caixa pode, assim como seus concorrentes privados, reduzir as despesas com provisões para perdas com calotes. O número foi de 791 milhões de reais no quarto trimestre, ante 983 milhões de reais no trimestre imediatamente anterior.

O banco público também reportou avanço de 24,8 por cento nas receitas com tarifas bancárias em relação ao intervalo de outubro a dezembro de 2008, para 2,39 bilhões de reais. Com isso, conseguiu que sua rentabilidade sobre o patrimônio, importante índice que mede a lucratividade dos bancos, saltasse de 20,9 para 33 por cento na comparação anual, também acima dos bancos privados.

FÔLEGO DO CRÉDITO MANTIDO

No que depender do setor imobiliário, principal ramo de negócios do banco, o ritmo de crescimento do crédito em 2010 será tão intenso ou ainda maior que no ano passado.

Segundo Maria Fernanda, os financiamentos da Caixa para habitação estão crescendo mais do que o dobro do ritmo de 2009 no início deste ano.

Segundo ela, neste ano, até 9 de fevereiro, já foram executados 5,4 bilhões de reais do orçamento previsto para o ano, o equivalente a 10 por cento do total.

“Esse volume representa um salto de 116 por cento em relação ao mesmo período de 2009”, disse.

Por outro lado, o banco informou que seu lucro líquido poderá ser menor do que o de 2009. “Nosso lucro deve ser de 2 bilhões a 2,5 bilhões de reais”, afirmou Marcos Vasconcelos, vice-presidente de controle e risco da Caixa.