As escolas municipais e estaduais de Caarapó e dos distritos de Cristalina e Nova América estão recebendo palestras ministradas pelo juiz da 2ª Vara Cível de Caarapó, Fernando Chemin Cury. As visitas à rede de ensino começaram no último dia 18 de outubro e devem terminar no dia 12 de novembro.O tema escolhido para debate é o Bullying.

A iniciativa das palestras é uma solicitação do (CNJ) Conselho Nacional de Justiça ao judiciário e está sendo realizada em todo o Estado.

Conforme explicou Cury, a escolha do tema é livre, no entanto, optou para um assunto que está em voga. “Escolhi o Bullying como tema em Caarapó, pois reconheço a importância dessa discussão para os alunos e as escolas. Hoje temos acompanhado na mídia uma infinidade de casos dessa natureza, e outros casos de pessoas que praticaram crimes de vingança por terem sido vítimas,” justificou.

Bullying é um termo da língua inglesa (bully) que significa “valentão”. O termo compreende comportamentos com diversos níveis de violência físicas ou psicológicas, que vão desde chateações repetitivas, inoportunas, hostis, até fatos agressivos. Às vezes esse ato é provocado sem motivação por um ou mais estudantes, e acaba provocando na vítima, dor, angústia, sentimento de exclusão, humilhação e discriminação, o que na maioria das vezes resulta na evasão escolar ou deficiência na aprendizagem.

O juiz afirma que todos os dias, pessoas e, principalmente, alunos no mundo todo sofrem com algum tipo de violência. Na maioria das vezes elas vêm mascaradas na forma de brincadeiras. No começo é só uma “brincadeirinha”, um apelido, risadinhas, quando os colegas percebem que a vítima não gostou, aí continuam e a situação fica séria: “As práticas de Bulliyg mais comuns são chamar as pessoas de ‘quatro-olho’, ‘tampinha’, ‘bojão’, ‘rolha de poço’” estes são apenas alguns exemplos lembrou.

A assistente social do Centro de Referencia Especializado em Assistência Social (CREAS) de Caarapó, Luciene Cavalheiri, afirmou que o Bullying, pode trazer sérias conseqüências na vida social de uma pessoa. “Isso afeta drasticamente o relacionamento de uma criança na escola e na família, e a desatenção dos pais podem prejudicar ainda mais a situação. Apesar de entendermos que os pais trabalham, é preciso que com o pouco de tempo que eles têm, dêem uma atenção de qualidade aos filhos” ressalta Cavalheiri.

A assessora técnica de educação que formulou o cronograma de palestras nas escolas estaduais, Maria Ivoni Barros, elogiou a iniciativa do judiciário. Para ela, é muito importante a presença da justiça na escola principalmente para debater um assunto como este. “O juiz foi feliz na escolha do tema, tenho certeza que teremos bons resultados, assim como no projeto do Ministério Público ‘Eduque seu Filho’” disse a assessora.

O juiz alertou que a maior incidência desses casos acontece com aquelas crianças e adolescentes mais tímidos, e as ações acabam se repetindo porque eles não relatam a situação à direção e aos próprios pais. Cury cita que pesquisa recente aponta que 41% das vítimas de Bulliyng ficam quietas. “O silencio é o maior incentivador dessa natureza de atitudes e crimes. Contar, relatar o que está acontecendo, é coisa de gente corajosa, por isso estamos indo às escolas para mostrar que o Bullying existe, para alertamos a escola e orientar as pessoas a delatarem os fatos” finalizou Fernando Cury.

Nessa primeira etapa, as palestras serão ministradas apenas para os alunos e posteriormente os pais serão convidados para uma outra palestra.