O Brasil não pode mais ser considerado o principal “corredor” na rota do tráfico internacional de drogas no continente, segundo a Polícia Federal (PF). Segundo o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, apesar de o País ainda ser de onde as drogas saem para o mercado mundial, o chamado “corredor” fica acima da linha do equador, um pouco além das fronteiras do norte brasileiro. De acordo com ele, é por países como Venezuela e Suriname que saem as drogas que abastecem África e América do Norte.

“Ainda sai muita droga pelo Brasil, mas o grande corredor de abastecimento está acima da linha do Equador, envolvendo outros países. Claro que temos um comércio intenso, rotas aéreas e marítimas, e isso é utilizado pelos traficantes. Diariamente apreendemos mulas nos nossos aeroportos, mas isso só não faz mais do Brasil uma grande rota de saída”, afirmou.

De acordo com o diretor-geral da PF, a organização está aumentando o número de policiais e investindo em tecnologia para melhorar o patrulhamento das fronteiras brasileiras. “Estamos trabalhando em parceria com as polícias dos países vizinhos. Nossa intenção não é só acabar com o tráfico, mas também com a produção de drogas”, disse. Em 2006, eram 553 policiais trabalhando no monitoramento das fronteiras. Em 2010, esse número subiu para 982.

Até 2014, a Polícia Federal vai investir US$ 348 milhões na compra de 14 equipamentos de monitoramento aéreo – espécie de avião não tripulado que envia imagens 24 horas para uma central. Ao flagrar qualquer atividade suspeita, uma equipe é enviada imediatamente ao local.

“Sem esse veículo aéreo não tripulado, temos que fazer um patrulhamento caro, com helicópteros e deslocando pessoas. Então, haja helicópteros e recursos. Temos um cronograma e um orçamento para adquirir esses veículos não tripulados e, além das fronteiras, também vamos controlar os locais da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A meta é que, nos próximos anos, passemos a apreender menores quantidades de drogas, já que a intenção é erradicar a produção nos países vizinhos”, afirmou Luiz Fernando Corrêa.

Além dos aviões não tripulados, este ano a PF vai adquirir mais dois helicópteros para ajudar no monitoramento das fronteiras. Mas o diretor-geral da organização admite que ainda há deficiências e falta de recursos e equipamentos para o trabalho.

“Lógico que temos estrutura aérea pequena frente à demanda, mas somamos nossos equipamentos aos da Força Nacional, das forças estaduais, das forças armadas e é assim que trabalhamos. Temos, sim, que aumentar a capacidade, até porque os países vizinhos abrem o espaço aéreo deles para que nós façamos o monitoramento, e aí temos que monitorar o Brasil e fora também”, disse.

Outro ponto, segundo Luiz Fernando Corrêa, é que a PF não dispõe de equipamentos exclusivos para o monitoramento das fronteiras. “A nossa capacidade aérea está à disposição de todas as nossas operações. Se fosse só narcotráfico, ela seria pouca, mas seria concentrada. Mas temos de usar nossos helicópteros e aviões também em eventos, segurança de autoridades”, afirmou.