Incêndio no local resulta em cortina de fumaça na área; por conta do risco à saúde, aterro foi interditado e o resultado foi protesto dos catadores que ‘vivem’ da reciclagem

O problema dos catadores e compradores do lixão é algo que se estende há anos, e mais um protesto marcou o dia de hoje no local. Localizado na saída para Sidrolândia, próximo ao presídio federal, o aterro sanitário da prefeitura ‘abriga’ mais de 500 catadores que se revezam dia e noite na catação de materiais recicláveis.

No último sábado o Midimax noticiou que o local estava com vários focos de fogo e a fumaça tomou conta da região. Hoje, por volta de 120 pessoas entre catadores e compradores foram barrados de entrar no local para trabalharem.

Revoltados, eles resolveram fechar a guarita e barrar a entrada de caminhões da empresa responsável pela coleta de lixo no Município. “Nós barramos mesmo, pois se nós não podemos entrar eles também não podem”, reclamou a catadora Edna Chaves.

Edna trabalha no local há mais de dez anos e diz que sempre há problemas para eles conseguirem trabalhar.

Segundo ela, o fiscal do local alega que não há espaço, porém os catadores estão revoltados, pois é dali que eles tiram o sustento diário. “Nós tentamos falar com a secretaria da prefeitura e ninguém fala nada, queremos ao menos ser avisados do que acontece aqui”, disse.

Daniel Obelar (31) diz que é isso que atrapalha o serviço deles. Ele que ganha em média R$ 80 por dia e cata material no local há mais de seis anos, se sente uma “marionete nas mãos da prefeitura, por isso temos que nos organizar e criar até mesmo nossa associação”, opina.

A catadora Gilda de Macedo (42) está na catação no lixão há cinco anos e reclama que toda semana eles passam algum constrangimento no local.

“Toda semana querem nos barrar aqui na portaria. Cada vez é um motivo e nunca ficamos sabendo de nada. Se tivermos mais organização, poderíamos cobrar mais e ter melhores condições de trabalho”.

O comprador Luis Henrique Furlan concorda que é preciso organização e apagar o fogo que queima em alguns lugares da montanha de lixo. Porém, o comerciante reclama que eles não são avisados sobre o que será feito.

“Nossa intenção de protestar é que a prefeitura nos avise o que está acontecendo, pois não conseguimos trabalhar. Eles [da prefeitura] tem que avisar quando e porque vão fechar aqui, mas eu concordo que é preciso deixar o pessoal mais seguro”, cobra.

Segurança

O fiscal de coleta do lixo, Alcindo de Macedo disse que o pessoal foi barrado para a própria segurança deles. “A prefeitura determinou que acabássemos com o fogo, por isso estamos fazendo um afunilamento onde eles catam. Eles se sentiram prejudicados e acabaram fazendo esse protesto”, disse.

Macedo disse que solicita que os catadores não entrem no local com carros de passeio ou mesmo Kombi e utilitários. “Pode causar um acidente com nossos caminhões grande em meio a fumaça e nessa montanha de lixo. A água não consegue apagar o fogo, temos que apagar usando areia, então fica difícil de fazer isso”, afirmou.

A assessoria de imprensa da Prefeitura declarou que não estão proibindo a entrada dos catadores lá no local, mas sim pedindo que eles evitem ficarem aglomerados próximo as montanhas de lixo por questão de segurança. A orientação é que os catadores fiquem longe do fogo.

Segundo a assessoria, não avisarem os catadores antes de qualquer atitude, pois são várias pessoas e cada uma faz um horário, por isso não é possível saber quem vai ao local e em qual horário. A situação vai continuar enquanto o local estiver com focos de incêndio e encoberto pela fumaça.

Desfecho

Após o protesto dos catadores a entrada dos caminhões de coleta foram liberados e muitos entraram no local para a catação mesmo com a fumaça que toma conta de alguns pontos do aterro.