Ausente, a candidata do à Presidência da República, Dilma Rousseff, foi alvo de duras e constantes críticas de José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e ínio de Arruda Sampaio (PSOL) durante pouco mais de uma hora e meia no debate promovido, na noite de quarta-feira, pela TV Gazeta e pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Dilma, que foi sorteada seis vezes para responder ou para perguntar, alegou, por meio de sua assessoria, “limitações de agenda” para não comparecer, a exemplo do que já havia feito no dia 23 de agosto, quando decidiu não ir ao debate promovido pela TV Canção Nova e Rede Aparecida de TV.

“Essa moça tinha que estar aqui. É a única que ninguém sabe o que pensa… No entanto, ela não vem. É um desrespeito a você e ao povo”, disse Plínio, que defendeu que os debates deveriam ser obrigatórios, logo na sua primeira intervenção.

Serra, que disse que ao sair candidato acreditava que os presidenciáveis teriam a oportunidade de debater temas que interessam ao país, foi mais incisivo na sua crítica.

“Com o Plínio e com a Marina temos tido (os debates), mas tem um setor importante que disputa eleição com apoio em peso de uma máquina do governo federal, que nunca atuou tão maciçamente… e eu diria às vezes até com truculência numa campanha eleitoral no Brasil, que não debate que é a estratégia da caixa preta”, atacou o tucano.

Para ele, Dilma tem se caracterizado durante a campanha em esconder idéias, seu passado e suas propostas. A uma pergunta sobre falhas de segurança de dados em órgãos públicos detectadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e divulgadas na quarta-feira, Serra aproveitou para mais uma vez acusar a campanha de Dilma sobre a quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas a ele.

“Outro exemplo, de outra natureza, são os vazamentos de dados confidenciais da Receita Federal. Ou, no passado recente inclusive, até de contas em banco, que são dados que o Banco Central dispõe”, disse, para imediatamente depois emendar que “o PT, da candidata Dilma, tem estado por trás desses vazamentos… comprometendo a segurança dos cidadãos”.

Marina, que até o início do segundo bloco não havia se manifestado sobre a ausência de Dilma no debate, afirmou que a petista não respeitou, mais uma vez, a presença dos candidatos que estavam ali. Criticou ainda o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Sinto que neste momento a sociedade brasileira está vivendo um imenso desconforto em relação ao que está acontecendo com esse desmando na Receita Federal”, disse. “Mais de três mil pessoas já tiveram seu sigilo fiscal violado e o ministro da Fazenda, em vez de dar uma satisfação e tomar as providencias, diz que isso é corriqueiro”, disse Marina.

Os ataques contra a candidata do PT continuaram. Plínio chegou a chamar Dilma de “inventada”, “blefe” e “tecnocrata”.

“Ela não veio porque não pode discutir… ela não é do ramo… gosta de passar a perna nos outros, como passou no Brizola. O Lula que espere… ninguém conhece a moça, nem o Lula”, acusou Plínio. Antes de integrar os quadros do PT, Dilma foi do PDT, partido de Leonel Brizola.

No bloco em que jornalistas fizeram perguntas aos candidatos, foram debatidos temas de economia, desenvolvimento, meio ambiente, educação e segurança. Cada um deles defendeu propostas e fez promessas de investimentos para melhorar cada uma dessas áreas.

Em outro momento, ao dirigir-se a Serra, Plínio perguntou ao tucano porque razão a sua propaganda eleitoral na TV escondia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas fazia questão de mostrar o presidente Lula.

“Eu não escondi Fernando Henrique. Somos muito amigos, trabalhei com ele, fui ministro dele, tenho muito orgulho e fiz um creio que importante”, respondeu o tucano.

Sobre Lula ter aparecido no programa da coligação que o apoia, Serra disse que foi para citar um fato. “Sou grato a muita gente na minha vida”, disse. “Mas eu não tenho patrono, não tenho patrocinador, não tenho procurador para responder críticas ou fazer propostas”, disse, alfinetando mais uma vez Dilma.