Discurso oficial é de que tarifa foi congelada, mas na verdade a grande maioria dos usuários vai pagar mais pelo transporte

O aumento de 20 centavos na tarifa do transporte coletivo concedido pelo prefeito Nelsinho Trad (PMDB) e que vigora a partir da segunda-feira (1º) para os usuários que pagam o passe com cartão eletrônico representa um ganho de R$ 6,5 milhões no decorrer do ano às empresas que exploram o serviço, na cidade. O reajuste foi de 8,7% e atinge 75% dos passageiros, penalizando de forma direta as empresas que pagam vale transporte a seus trabalhadores.

O prefeito tem insistido na teoria de que a tarifa foi “congelada”. Esse é o direcionamento do discurso oficial, defendido tanto pelo prefeito quanto pelo diretor da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Rudel Trindade. Entretanto, o reajuste representa o dobro da taxa da inflação acumulada nos últimos doze meses, que foi de 4,31%, e afeta a grande maioria dos usuários.

O próprio diretor da Agetran admite que 75% dos usuários pagam a passagem com o cartão eletrônico. E isso acontecia, sobretudo, devido à tarifa diferenciada: custava R$ 2,30 para pagamento com cartão e R$ 2,50 em dinheiro. A medida visava exatamente desestimular a circulação de dinheiro nos ônibus, que já não têm cobradores, e são alvos fáceis de assaltos.

O sistema transporta cerca de 6,9 milhões de passageiros por mês. Deste total, 1,9 milhão compreende as gratuidades (estudantes, idosos, carteiros e até presidentes de associação de bairro), outros 1,9 milhão pagam em dinheiro e 2,7 milhões fazem uso do cartão. É essa multidão que, ao longo do ano, vai transferir a bolada de R$ 6,5 milhões aos cofres das empresas, ao absorver o reajuste de 20 centavos no preço da tarifa. Os dados são da planilha do transporte coletivo do ano passado.