A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) manifestou nesta quarta-feira, 16 de junho, sua solidariedade com a direção e os jornalistas do portal midiamax.com.br, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o principal do Estado, que foi posto fora do ar por interferências externas, ao que tudo indica como represália às denúncias que o veículo vinha fazendo acerca da falta de transparência na gestão dos recursos públicos.

Em e-mail à ABI, o jornalista Eser de Faria Cáceres, da equipe do Midiamax, relatou o processo de coorção de que o portal está sendo vítima e informou que está solicitando à Polícia Federal que investigue a origem da violência. Além de enviar o e-mail, Eser Cáceres esteve na ABI, onde espôs ao Presidente da Casa, Maurício Azêdo, as dificuldades que o portal vem enfrentando por sua posição independente.

 Depois de ficar quatro dias fora do ar por causa de uma série de ataques fraudulentos, o portal jornalístico midiamax, voltou a funcionar nesta quarta-feira. Segundo os seus editores, o ataque incluiu alterações nos dados de registros dos endereços do jornal eletrônico, www.midiamax.com e www.midiamax.com.br.

O jornal Midiamax, publicou matéria nesta quarta-feira relatando que as senhas dos responsáveis técnicos pelo portal foram quebradas e que os seus endereços eletrônicos foram direcionados para sites fora do Brasil. “Além disso, as máquinas onde o midiamax é hospedado, que ficam num dos maiores datacenters do Brasil, no Rio de Janeiro, foram invadidas e o site foi literalmente apagado”, diz a reportagem.

Segundo o midiamax, o ataque que sofreu coincide com uma série de reportagens que o jornal vem publicando sobre o cumprimento da Lei da Transparência pelo Poder Público em Mato Grosso do Sul e sobre o encaminhamento político das eleições 2010 no Estado. Peritos já estão trabalhando no levantamento de informações que possam levar ao esclarecimento do ataque e à localização dos autores.

Um dos sócios-diretores do jornal, Carlos Eduardo Belinete Naegele, aos poucos a veiculação do jornal se normaliza com o resgate dos endereços que foram seqüestrados digitalmente: — Nós comprovamos ao Comitê Gestor da Internet no Brasil que nosso apontamento dos servidores foi alterado fraudulentamente e já recuperamos o pleno acesso à administração de nosso endereço www.midiamax.com.br, que vamos passar a utilizar como principal entrada para nosso portal”, esclareceu.

Sem mudanças Carlos Naegele afirma que não passam de boatos as especulações de que o jornal teria ficado fora do ar por força de medida judicial. Disse ele que esse tipo de informação só interessa a quem deseja calar a imprensa: — Não há nenhuma ação judicial contra o jornal. Quem diz isso deve no fundo ter muita vontade de censurar a imprensa. Cumprimos a Constituição, conhecemos os direitos e os deveres do exercício do nosso negócio – declarou.

Disse Naegele que o principal agora para o jornal é continuar prestando bons serviços jornalísticos aos seus leitores. Por ora, não há preocupação em encontrar os culpados pelas fraudes: — Nossa prioridade é voltar à normalidade com nosso jornal e continuarmos trabalhando para oferecer o jornalismo de qualidade que nos oito anos de história da publicação lhe renderam o respeito e crédito que o midiamax possui em todos os setores da sociedade sul-mato-grossense.

Informou Naegele que o jornal volta ao ar com a linha editorial inalterada. Não há mudanças programadas: — Já tentaram fazer o midiamax mudar o tipo de jornalismo que temos praticado de várias outras formas, com vários tipos de pressão. Mas o apoio que temos recebido do público é a maior prova de que nosso trabalho possui respaldo dos leitores. Vamos continuar mostrando e tratando jornalisticamente dos assuntos que nossa audiência tem aprovado.

Se é para termos compromisso com alguém, ninguém melhor que nosso leitor. “Precisão cirúrgica” O mestre em informática Paulo Oliveira — um dos responsáveis pelo suporte técnico do servidor que hospeda os arquivos do midiamax no Rio de Janeiro, no datacenter da BrasilTelecom, um dos maiores da América Latina —, informou que foram apagadas “com precisão cirúrgica” informações que levaram à perda total das notícias e imagens publicadas nos últimos 60 dias.

Já a equipe jornalística acha que será possível resgatar boa parte do conteúdo apagado. Como muitas notícias são reproduzidas em sites parceiros do midiamax, os jornalistas estão recuperando os conteúdos que serão republicados com o aviso de que são parte dos textos apagados durante o ataque.

Jacqueline Lopes, editora-chefe do midiamax, disse que o episódio aumentou o entusiasmo da Redação: — Foi uma experiência marcante para todos na Redação. A reação das pessoas tem sido espetacular. Nunca nossos telefones tocaram tanto com mensagens de apoio, com gente oferecendo todo tipo de ajuda e querendo saber quando voltaríamos. São manifestações carinhosas, porque gostam da linha editorial que temos praticado, sentem-se parte do processo jornalístico.

Como a equipe de jornalistas do midiamax continuou ativa, os sites parceiros do jornal puderam publicar o material produzido pela sua Redação. São eles: Diarionline (Corumbá), Rádio Caçula (Três Lagoas), Ivinotícias (Ivinhema), Fatima News (Fátima do Sul), Idest (São Gabriel D’Oeste), Douradosinforma (Dourados), Edição MS (Coxim) e Tanamidianavirai (Naviraí).

O produto jornalístico do midiamax publicado em outros sites jornalísticos, com o restabelecimento do jornal eletrônico, já pode ser consultado, a exemplo das matérias relacionadas a seguir: “Governo de MS gasta mais com publicidade que com social, meio ambiente, cultura e esportes”; “Coincidências geram desconfiança nos pregões da Assembléia Legislativa”; “Com poucas vozes contrárias, deputados defendem licitação de avião em ano eleitoral”; “Lula e Dilma confirmam presença em MS na campanha de Zeca”.