Em menos de dois anos de mandato o prefeito Ari Artuzi (PDT) mexeu quase vinte vezes no seu secretariado. O troca-troca invariavelmente foi para acomodar aliados políticos e provocou descontentamento em vários setores da administração.

Desta vez para atender a um pedido do governador André Puccinelli (PMDB) o prefeito criou uma crise política sem precedentes e provocou confusão e um verdadeiro abismo em sua relação com os integrantes da GM (Guarda Municipal).

O prefeito tinha cerca de cinqüenta opções dentro das próprias fileiras da Guarda mas preferiu nomear um major da Polícia Militar para comandar a corporação criada em 1995.

A decisão de Artuzi alinhavada com os interesses de Puccinelli deixou insatisfeitos os 120 guardas municipais que prometem aquartelamento por não aceitar ingerência externa na instituição.

Conforme levantamento do Sindicato dos Guardas Municipais, dos 120 profissionais concursados que trabalham na corporação entre 45 e 50 estão aptos e cumprem todas as exigências legais para assumir o comando da Guarda.

A lei que rege a GM estipula que o prefeito pode nomear como comandante qualquer pessoa que tenha dez anos de atividade profissional na área de segurança pública.

Já para um GM ser nomeado comandante é necessário que ele também tenha dez anos de atuação e que seja de primeira classe, tenha comportamento ótimo e nível superior.

 Para o Sindicato nos primeiros anos de existência a corporação não tinha em seus quadros pessoas que atendessem essas exigências para assumir o comando. O tempo passou os profissionais se qualificaram e o efetivo aumentou através de concurso.

O próprio prefeito Ari Artuzi ao assumir em janeiro de 2009 atendeu as reivindicações dos Guardas e nomeou Divaldo Machado pertencente as fileiras da corporação para o comando.

Divaldo soube da sua demissão por telefone em Recife onde estava participando de um seminário sobre segurança pública. Os Guardas Municipais se revoltaram com a decisão do prefeito que “entregou” para o governador André Puccinelli a instituição.

Na noite de segunda-feira os GM lotaram o plenário da Câmara Municipal onde foram solicitar o apoio dos vereadores para impedir a posse do major Tony Zerlotti.

No dia seguinte os Guardas realizaram uma passeata pelas ruas centrais de Dourados e na Praça Antonio João fizeram o enterro simbólico do prefeito Ari Artuzi. No mesmo dia os GM aproveitaram a presença do governador em Rio Brilhante e também protestaram contra a troca de comando.

A “encrenca” criada pelo prefeito com a Guarda Municipal está longe de ter um final porque Divaldo já foi exonerado e em seu lugar foi nomeado o major da Polícia Militar que ainda não compareceu ao quartel da Guarda para despachar.

Como a decisão do prefeito é irrevogável, os Guardas Municipais prometem continuar protestando contra a decisão sob a alegação que a instituição não pode ser entregue para pessoas que não fazem parte da história construída ao longo de quinze anos.