Prefeito de Dourados e a mulher, presos na Uragano, teriam montado um barracão para estocar merenda escolar, bancada com recurso federal

O ex-caminhoneiro, puxador de madeira que saiu dos confins do Rio Grande do Sul para morar em Dourados no início da década 90, Ari Artuzi, viveu seus 15 dias de inferno, uma agonia que deve atravessar outros invernos.

Detido no início deste mês por chefiar quadrilha que fraudava licitações, o homem que ficou rico após alcançar extraordinários reajustes salariais ao deixar a condição de operário ocupando mandatos de vereador, deputado por duas vezes e prefeito agora deve ser afastado até a próxima semana e ainda não se sabe se as investigações acerca dele serão cuidadas apenas por autoridades judiciais do Estado.

É que Artuzi, segundo a Polícia Federal, pode ter desviado recursos estaduais e federais. Até aqui, o prefeito é acusado de fraudes em licitações públicas e pagamento de propina, corrupção ativa e formação de quadrilha.

Hoje, Ari Artuzi está preso por crime estadual, embora ele tenha sido captufrado na Uragano, operação tocada pela Polícia Federal, que pôs 28 pessoas na cadeia. É a Justiça Estadual quem define quando ele deve deixar a prisão ou se o encarcerado pode ser transferido para outra unidade prisional.

O prefeito está preso por força de mandado de prisão preventiva numa cela da 3ª Delegacia da Polícia Civil, no Carandá, bairro chique de Campo Grande.

Num dos trechos do relatório da Polícia Federal aparece trechos de um diálogo que levantam suspeitas sobre Artuzi que o conduziram ao rol de investigados por crime federal.

A mulher de Artuzi, Maria, também presa, teria montado um barracão em Dourados para estocar cestas básicas e cargas de merenda escolar, mantimentos bancados por verba federal.

Noutra ponta da investigação, também por meio de escutas telefônicas, um ex-secretário de Artuzi, afirma ter entregado ao prefeito ao menos R$ 2 milhões, dinheiro que não se sabe até agora de que fonte saiu.

A operação Uragano foi posta em prática no dia 1º deste mês e o desfecho da investigação motivou a prisão das principais autoridades políticas da cidade. Dos 28 presos, 21 já foram libertos. A cidade é hoje chefiada por um juiz de direito.