O Haiti iniciou nesta sexta-feira, 19, a preparação de um plano de reconstrução baseado no chamado Relatório de Avaliação das Necessidades Pós-Desastre (PDNA), que delineará como o país se reerguerá da tragédia que matou mais de 217 mil pessoas e deixou outro 1,2 milhão sem casa.

O processo se iniciou com uma reunião de dois dias – terminada nesta sexta – entre técnicos do governo e várias instituições internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial (BM), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a União Europeia (UE) e uma delegação da República Dominicana.

Essa etapa foi constituída por oficinas de troca sobre o método que será aplicado para realizar a avaliação precisa dos danos e necessidades dentro do plano de reconstrução do Haiti.

O Ministério do Planejamento e de Cooperação Externa, que coordena os trabalhos no Haiti, indicou que

depois dessa etapa se apresentará em 12 de março “uma primeira versão” do relatório, que deverá ser revisada durante uma reunião técnica em 17 de março, na República Dominicana.

Outra etapa, a de “revisão final” do relatório, está prevista para entre 18 e 24 março em Porto Príncipe, pouco antes da conferência internacional em Nova York, marcada para 31 de março.

Nas perspectivas de reconstrução, o governo haitiano quer considerar o tema demográfico como um dos mais importantes, segundo documentos oficiais divulgados à imprensa.

“A distribuição da população no território” representa uma “maior aposta”, indicou o governo, que quer criar “pólos regionais de desenvolvimento, de acesso a serviços de saúde e de educação no conjunto do território, de serviços descentralizados do Estado, de infraestrutura de estradas que permitam o trânsito de pessoas e bens”.

Enquanto isso, está previsto que o país e suas regiões se integrem em uma “rede aberta” de laços econômicos com partes estrangeiras.

Os outros pontos fixados para estabelecer um plano são a reconstrução do meio ambiente, para a “redefinição de um país frágil” e a governabilidade, para adaptar as “estruturas políticas e administrativas à realidade do novo século”.

Com essa visão, a equipe do primeiro-ministro haitiano, Jean Max Bellerive, espera chegar a “uma proposta coerente, compartilhada com diferentes setores da população haitiana”, que será apresentada na reunião internacional de Santo Domingo, em 17 de março.

Uma delegação de três funcionários dominicanos, presidida pelo vice-ministro de Planejamento do Ministério da Economia da República Dominicana, Nelson Toca, participou do encontro de dois dias em Porto Príncipe.

Segundo fontes da delegação dominicana, o Governo haitiano e o da República Dominicana acordaram que técnicos dos dois países coordenem a apresentação do plano perante os organismos internacionais, principalmente na conferência de 31 de março em Nova York.

Essa coordenação também será feita para a realização do próximo encontro de Santo Domingo, que é convocado pelo Haiti, segundo a fonte.

A fonte estimou que há um “antes” e um “depois” do terremoto de 12 de janeiro no Haiti e destacou “uma maior aproximação, uma maior compreensão, um maior diálogo entre autoridades haitianas e dominicanas”.

Sobre o papel que a República Dominicana quer ter no processo de reconstrução do Haiti, a fonte destacou: “o Governo dominicano vai participar até onde o Governo haitiano decidir que devemos participar”.

Na quinta-feira, na abertura do encontro, o primeiro-ministro Bellerive reafirmou a proposta de “voltar a fundar” o Haiti e de mudar a maneira de governar o país dentro dos esforços de reconstrução.