Ao registrar furto de arma, homem descobre que está “morto”
Caso aconteceu em Campo Grande quando Josias da Silva acionou o serviço 190 e depois foi checado no sistema da PM
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Caso aconteceu em Campo Grande quando Josias da Silva acionou o serviço 190 e depois foi checado no sistema da PM
Josias da Silva. O nome parece comum, porém o Cadastro de Pessoa Física (CPF) é um documento que identifica uma pessoa em qualquer local do País. E foi por meio deste documento que o homem de 56 anos descobriu que ele consta como morto no registro da polícia. Como se não bastasse tem até o local onde foi enterrado, conforme cadastro do sistema de sepultamento da prefeitura de Campo Grande.
Tudo começou quando Josias da Silva acionou o serviço 190 da Polícia Militar para denunciar o furto de uma arma de fogo de sua propriedade. Uma guarnição foi enviada ao local, no Jardim Anache, pelo Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops). Os militares orientaram para que a vítima fizesse um boletim de ocorrência sobre o episódio em uma delegacia da cidade.
É de praxe a polícia fazer a checagem em seu sistema dos solicitantes e aí veio a surpresa: Josias da Silva com o CPF apresentado pela vítima constava como morto. Ele foi vítima de homicídio doloso, no dia 28 de fevereiro de 2008, às 01h40, conforme registro na Delegacia de Pronto Antedimento (Depac) às 03h24, do mesmo dia.
Os policiais estranharam e fizeram novas checagens, mas a reposta era sempre a mesma de que Josias da Silva constava como morto. Ele foi orientado a procurar a delegacia de área, no caso o 2º DP.
Pelo registro policial, Josias da Silva foi encontrado morto na rua Anselmo Selingard, em frente ano número 1200, no Parque do Lageado, bairro dom Antônio Barbosa, na madrugada do dia 28 de fevereiro de 2008. No boletim de ocorrência consta morte violenta. “Constatou-se a existência de diversos ferimentos provocados por embate e passagem de projéteis de arma de fogo, localizados no tórax, lateral esquerda do tórax e braço esquerdo”, diz o relato.
O registro ainda dá detalhes de que ao lado do corpo de Josias havia uma bicicleta de cor verde, bem como 10 cápsulas percutidas e deflagradas, todas da marca CBC no calibre.380 acp. O fato estranho que consta no boletim é que ele narra que “iniciadas diligências investigatórias familiares esclareceram que a vítima era usuária de drogas, contava com antecedentes criminais e recentemente havia saído da cadeia”. A família informou ainda que a vítima era vista constantemente na companhia de S.F.C.
A polícia acabou encontrando S.F.C e o mesmo revelou que estava em companhia de Josias da Silva quando dois rapazes, aparentando ser menores de idade, se aproximaram e um deles fez os disparos e ordenou que a testemunha saísse correndo.
Em busca de pistas
A reportagem checou o sistema de sepultamento da prefeitura de Campo Grande e lá consta que um Josias da Silva, morto em 27 de fevereiro de 2008, foi sepultado no Cemitério São Sebastião, mais conhecido como Cruzeiro, na saída para Cuiabá. O corpo está, conforme registro no livro da administração do cemitério, em uma cova sem identificação, situada na ala social, ou seja, local onde são enterrados aqueles em que a família não comprou terreno, mas não estão classificados como indigentes.
A funcionária entregou um papel para um funcionário terceirizado do cemitério e ele orientou a reportagem e apontou o local onde consta a cova de Josias da Silva. Agora ficam as dúvidas: existem dois Josias da Silva com o mesmo CPF? Uma pessoa foi sepultada com o nome de outra? No local existe realmente um corpo? (Colaborou Hélder Rafael).
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