A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiram, neste domingo (19), às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa brasileira no último sábado (18). Por meio de nota, a ANJ afirmou que é “lamentável e preocupante” que o presidente manifeste desconhecimento em relação ao papel da imprensa em sociedades democráticas.

“O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes. Convém lembrar também, que ele jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores”, diz um trecho da nota.

As críticas de Lula foram feitas durante um comício em São Paulo, em que ressaltou que “o povo brasileiro não precisa mais de formadores de opinião”. “Nós somos a opinião pública”, afirmou.

Além da ANJ, a OAB também se manifestou sobre o assunto. O presidente nacional da Ordem, Ophir Cavalcanti, criticou as declarações de Lula, em Campinas. “É lamentável que o líder maior da nação tenha esse tipo de postura em relação à imprensa. Triste é o País que não tem liberdade de imprensa, que não pode expressar suas opiniões” ressaltou.

Cavalcanti também defendeu a liberdade de imprensa no Brasil. “A imprensa deve ser livre para fazer seu papel de denunciar. Ninguém gosta de receber críticas, mas deve saber ouvi-las e compreender que erros existem e devem ser corrigidos”, enfatizou. “Acima da Constituição, só Deus”, concluiu.

Confira abaixo a íntegra da nota divulgada pela ANJ:

“É lamentável e preocupante que o Presidente da República se aproxime do final de seu segundo mandato manifestando desconhecimento em relação ao papel da imprensa nas sociedades democráticas. Mais uma vez, provavelmente levado pelo calor de um comício, o presidente Lula afirmou neste sábado, em Campinas, que “vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partido político”, dizendo, em seguida, ainda referindo-se à imprensa, que “essa gente não me tolera”.

“É lamentável que o chefe de Estado tenha esquecido suas próprias palavras, pronunciadas no Palácio do Planalto, no dia 3 de maio de 2006, ao assinar a declaração de Chapultepec (um documento hemisférico de compromisso com a liberdade de imprensa). Na ocasião, ele declarou textualmente: “… eu devo à liberdade de imprensa do meu país o fato de termos conseguido, em 20 anos, chegar à Presidência da República do Brasil. Perdi três eleições. Eu duvido que tenha um empresário de imprensa que, em algum momento, tenha me visto fazer uma reclamação ou culpando alguém porque eu perdi as eleições.”

“O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes. Convém lembrar também, que ele jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores”.