Um assunto que estava adormecido voltou a ser abordado ontem na tribuna popular, quando o engenheiro agrônomo e defensor das causas ambientais locais, Vilson Brusamarelo, usou o espaço para falar sobre a questão do lixo urbano e as possíveis alternativas para seu destino. É sabido que São Gabriel enfrenta o problema crescente do lixo, que aos poucos vem se agravando, pois a destinação atual de tudo que é produzido no município é o lixão, onde pouco é separado e ganha um fim adequado.

Para tentar sanar o problema, no ano passado foi sugerida pelo Poder Executivo, e avaliada pelo Legislativo, a instalação de um aterro sanitário, mas além do alto custo de manutenção, algumas questões foram levantadas e o projeto acabou sendo vetado pelos vereadores.

Já neste ano, o assunto voltou para a pauta de discussão após reportagem do programa Globo Ecologia, em que se mostrou o resultado altamente positivo de um projeto implantado na cidade de Cantagalo, no Rio de Janeiro, em que todo o lixo produzido é reutilizado, seja via reciclagem ou compostagem, no caso do material orgânico.

A nova alternativa animou as autoridades locais que enviaram um grupo de estudo para o município carioca para conhecer o funcionamento do sistema – que levou o Cantagalo a se destacar como modelo de gestão ambiental, destinação correta e segura dos resíduos urbanos – e assim, avaliar sua adequação a realidade são-gabrielense.

Vilson usou a tribuna para falar sobre a visita, da qual fez parte, e apontou que há meios para iniciar um trabalho semelhante no município. Segundo o agrônomo, não há como escapar, é preciso resolver o problema do lixo, já que cedo ou tarde o Ministério Público autuará o Município por manter o lixão aberto. “Já fizemos experiências alguns anos trás, e é possível a separação do lixo em casa. Demora-se para criar o costume, mas é possível e necessário.” Aponta Vilson, que afirmou ainda que de nada adianta apenas a separação pelo morador, é preciso iniciar uma coleta adequada, sem misturar o lixo, como acontece atualmente.

O agrônomo destacou que é uma ação simples, basta haver vontade e comprometimento. “O que estamos buscando é uma solução final para a produção de lixo, já que no processo que conhecemos em Cantagalo tudo é aproveitado. Nada se desperdiça. O aterro é melhor que o lixão, mas a reciclagem e compostagem são melhores que o aterro, pois aproveita-se 100% de tudo e ainda gera renda. Diferente do aterro, que tem prazo.

Se instalarmos um aterro agora, dentro de 30 anos teremos que fazer um novo investimento para outro aterro”, explica Vilson. Com a abordagem na última sessão, o assunto deverá voltar a ser discutido neste segundo semestre de 2010, com as novas alternativas e tecnologias estudadas por Vilson e outros profissionais, na busca da resolução do problema do lixo em São Gabriel.