Cerca de 400 agentes de segurança penitenciária invadiram a Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira para pressionar a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que reconhece a categoria como polícia penal.

Os policiais legislativos tentaram conter a invasão, mas não tiveram condições. Os agentes de segurança entraram pelo corredor que liga o plenário às salas de comissões. Eles resolveram permanecer no salão verde, que fica na frente do plenário.

Segundo os manifestantes, ninguém está ferido. Eles, no entanto, reclamaram que os policiais legislativos usaram spray de pimenta e armas com choque elétrico para impedi-los de invadir a Câmara.

O presidente do Sindicado dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, João Rinaldo Machado, disse que a invasão foi motivada pelo descumprimento de um acordo entre a categoria o líder do governo, Cândido Vaccareza (PT), e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).

“Devido à queda de braço entre governo e oposição, eles faltaram com a palavra e não colocaram em votação o texto da PEC como havia sido combinado”, disse Machado.

Os manifestantes negam ter reagido com violência. A categoria defende o impasse entre governo e oposição para que a Casa vote a proposta de emenda à Constituição que fixa o piso salarial para policiais e bombeiros nos Estados.

O presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores de Policiais Civis (Cobrapol), Jânio Bosco Gandra, afirma que os policiais pretendem resistir, caso tentem retirá-los da Casa. “Não vamos sair. Se a polícia vier, vamos deitar no chão”, disse.

A Polícia Legislativa teve orientação da Presidência da Câmara para não entrar em confronto com os manifestantes e autorizar a permanência do grupo na Casa.

De acordo com o coordenador do movimento em prol da PEC 308, Fernando Anunciação, o grupo não tinha intenção de “criar confusão” com os policiais legislativos. “Depois de uma reunião com integrantes do movimento, nós decidimos acampar em frente ao Plenário como forma de protesto. A gente queria um ato pacífico, mas a polícia não deixou a gente entrar e houve o enfrentamento”.

O coordenador conta que veio de Mato Grosso do Sul junto a um grupo de 60 agentes penitenciários. Segundo ele, os gastos com ônibus, alimentação e estadia chegaram a mais de R$ 25 mil, pagos pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários.