O juiz da Infância e Adolescência de Campo Grande Danilo Burin abriu as portas da Unei Dom Bosco, localizada da saída para Três Lagoas, para mostrar as condições do local. Ele pediu a interdição da unidade por considerar a estrutura inadequada. O poder público tem agora dez dias para providenciar outro local para os internos.

Na Unei existem dez alojamentos para acomodar três adolescentes em cada um, mas existem 77 internos, que estão cumprindo penas sócioeducativas em um local sem energia elétrica regularizada (apenas gatos), número de camas insuficientes, infestação de insetos e ainda falta de água tratada para higiene pessoal. “Esta unidade está apodrecida. A Los Angeles e a feminina foram reformadas. Aqui o caso é muito sério e precisa ser resolvido logo”.

Um dos internos revelou que a água para beber é entregue pelos agentes encarregados da segurança, porém para higiene pessoal e lavar os alojamentos a opção é utilizar água do vaso sanitário. Nos dois alojamentos disciplinares a água chega até os internos por meio de uma mangueira.

Como não há energia elétrica regularizada, foram improvisados gatos, mas eles são insuficientes para iluminar os corredores no período noturno, o que dificulta o trabalhos dos agentes, que precisam utilizar lanternas.

Danilo Burin disse que tomou a atitude de determinar a interdição porque por tentativas de diálogo com o poder público não foi possível melhorar as condições da Unei. “Cansei. Não há interesse do poder público em resolver o problema. O descaso é muito grande e ainda me chamam de mentiroso”, desabafou o juiz.

A reportagem do Midiamax constatou que vários internos estão doentes, inclusive a maioria com sarna, doença que pode ser transmitida entre seres humanos. O juiz revelou que um dos garotos apresentava um quadro tão grave de sarna que ele teve que determinar sua liberdade.

Elogios

O juiz não condenou totalmente as dependências da Unei, apenas os alojamentos. Foram alvos de elogios as salas de aula, de artes e de informática e a lavanderia.