O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, pediu agilidade aos produtores interessados em vender para o governo federal fazendas em terras indígenas. Segundo informou a assessoria da entidade, Maia quer entregar o mapeamento das áreas já no mês que vem, quando está prevista a vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Campo Grande, no dia 19, na cerimônia de abertura da 72ª Expogrande (18 a 28 de março).

“Estando com tudo na mão, a gente entrega para ele. Temos de aproveitar este momento em que há vontade política para ser resolver a questão indígena em nosso Estado”, afirma Maia, conforme informações da assessoria da Acrissul.

Para o deputado federal, Dagoberto Nogueira (PDT), a proposta de Lula é uma oportunidade histórica para acabar com o problema da disputa por terra. Ele lembra que, segundo palavras do presidente Lula, o encaminhamento das aquisições será feito através do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e não através da Funai (Fundação Nacional do Índio). Por esse motivo as áreas serão compradas a preço de mercado. “A tabela é boa”, garantiu a um produtor da plateia, durante reunião na noite de ontem na sede da entidade.

Conforme ainda a assessoria da Acrissul, o deputado Dagoberto Nogueira disse que o presidente pediu para que os proprietários das terras ocupadas tivessem prioridade neste primeiro momento. Essa é a reivindicação também dos indigenistas, que sejam priorizadas as áreas demarcadas. (Leia matéria do Midiamax)

Durante a reunião na Acrissul, de pronto a produtora rural e antropóloga Roseli Maria Ruiz, da Recovê, entregou ao parlamentar uma lista de propriedades que se encontram nesta situação.

São pessoas como o senhor Edson França, que há dez anos teve a propriedade Estância Alegre, em Sidrolândia ocupada e, desde então, nunca mais regressou à suas terras. “São 350 hectares onde eu criava gado de corte”, conta.

Desde o fato, França diz que vive de pequenos serviços que presta às fazendas da região e de uma aposentadoria que tem.

Questionado se estaria disposto a vender as terras para o Incra ele responde sem hesitação: “claro que sim. Se as condições de compra forem iguais as ditas aqui, vendo na hora”.

Situação semelhante vive Ademir Marques Rosa, que teve suas 400 hectares de terra invadidas em 2003. “Se quiserem compra, vendo na hora”.

(Com assessoria da Acrissul)