Enquanto na cidade o índice cai, nas áreas indígenas atinge 73 óbitos por mil nascidos

A Fundação Nacional Saúde (Funasa) revela uma triste realidade em Mato Grosso do Sul: a mortalidade infantil na população indígena do Estado é de 73 óbitos por mil nascidos. Índice comparado aos países pobres da África. Um levantamento do órgão sobre o perfil nutricional indígena em 2001, que cobriu em torno de 75% da população menor de 5 anos nas aldeias, cerca de 4 mil crianças, mostra que 19% delas apresentam um quadro de desnutrição severa, 17% de desnutrição moderada e 6% de obesidade.

Em contraste, a mortalidade infantil nas cidades sul-mato-grossenses caiu de 25,24 óbitos por mil nascidos vivos, em 1998, para 21,9 óbitos infantis por mil nascidos vivos em 2001, ou seja, uma queda de quase 18%. Isso mostra que, de 1998 para 2001, 190 crianças menores de 1 ano deixaram de morrer no Estado.

A mortalidade entre crianças tende a cair na medida em que melhoram as condições sócio-econômicas da população. Entre os fatores que contribuíram para a queda da mortalidade infantil na cidade estão a melhoria das condições de moradia, alimentação, saneamento básico, a implantação dos programas de aleitamento materno, pré-natal, segurança alimentar, imunizações, e a atenção à saúde preventiva.

Nas aldeias, isso não ocorreu com os índios, e a taxa de mortalidade é três vezes maior.

Para mudar a realidade nas aldeias, a Funasa implantou estratégias de intervenção para 2002, que envolvem quatro nutricionistas que integram as equipes em Dourados e Amambai (Guarani-Kaiowa), além de Aquidauana e Miranda (Terena). As atividades dessas profissionais envolvem tanto atendimento clínico como educativo no sentido de erradicar a desnutrição e a obesidade, agravos comuns nas duas etnias. As principais perinatal (31%), ou seja, complicações anteriores ou posteriores ao parto, desidratação (11%) e problemas respiratórios (23%).