Stock Car é uma loucura, diz vencedor da prova em Campo Grande

Trabalho e motivação são as minhas cartas na manga

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Trabalho e motivação são as minhas cartas na manga

Roberto Giorgi (Beto), piloto da Stock Car V8 pela equipe RC. Competições, paulista 32 anos, solteiro. Vice-campeão brasileiro de Kart em 1.986, campeão do disputadíssimo Campeonato Brasileiro de Fiat Pálio em 1.997, recebeu da critica especializada o título de melhor estreante de 2.000 e o Título de revelação em 2.002, terminando o campeonato brasileiro de Stock Car V8 em 3º lugar na classificação Geral, dando muito trabalho aos Dinossauros da categoria até a última etapa. Ele disputou de igual para igual a vice liderança do campeonato com o maior ganhador de títulos da Stock Car, Ingo Hoffmann, que detém 11 campeonatos na categoria.

Beto, no ano passado você terminou o campeonato em 3º lugar, mas disputou a vice-liderança até a última etapa com Ingo Hoffmann, além disso foi o piloto revelação. O que está acontecendo na atual temporada que os resultados não estão aparecendo?
Os resultados desse começo de temporada realmente não estão me agradando. Terminamos o campeonato do ano passado sempre largando entre os primeiros e disputando a vitória, e isso não está acontecendo
agora. Acho que erramos pelo excesso de desenvolvimento. Deixa eu explicar: Ao terminar a temporada 2001 minha equipe desmontou meu carro inteiro e procurou torná-lo mais leve, mas acabamos excedendo um pouco. Essa nova situação jogou no lixo toda a referência que tínhamos em 2001. Estamos atualmente trabalhando para reverter essa situação, e espero em breve voltar a brigar por vitórias.

Já que os motores da V8 são todos iguais, o que é que faz a diferença para andar no pelotão da frente?
A diferença está no acerto que a equipe e o piloto estabelecem para cada pista. É fundamental ter um conjunto equilibrado e específico para cada autódromo.

As molas e amortecedores são iguais para todos, ou é livre?
O conjunto “mola x amortecedor” são a alma de um Stock car. O regulamento é livre, e a maior preocupação das equipes e os maiores investimentos estão nesses dois componentes.

Como você prefere a classificação, na forma de sorteio com apenas duas voltas cronometradas, ou com todos os pilotos na pista com mais tempo.
Eu prefiro a primeira situação, pois assim temos uma condição real, sem interferências externas como tráfego e vácuo.

No caso de apenas duas voltas cronometradas, sabendo que é na 1ª geralmente que o tempo vem, e sem poder errar como fica o coração, a adrenalina?
É ai que está o segredo. O sangue frio é fundamental, e a adrenalina tem que ser dominada. A hipótese do erro não existe – ele é fatal! A concentração é absoluta, e ao final parece que você correu 100 metros rasos. Cansa de verdade!

Existe um preparo especial para a classificação, o piloto se concentra mais nos boxes, ou fica ansioso para chegar logo a sua vez?
Acho que o isolamento é importante. A ansiedade toma conta, mas é importante controlá-la. Ao mesmo tempo procuro conversar somente com minha equipe para me manter alerta.

Na hora da largada ou na saída para a classificação, você tem alguma superstição, você reza, ou apenas se concentra?
Já fui supersticioso, mas não deu certo! Quando me concentro costumo rezar e carrego um Santo grudado no meu capacete para me proteger. E nunca esqueço de agradecê-lo pelos resultados.

Existe lealdade entre os pilotos dentro da pista na hora de definir uma posição, ou é cada um para si?
Acho que atualmente existe ética entre os pilotos de ponta, incentivada pela vigilância dos comissários. Mas as disputas são acirradíssimas e às vezes…

Na sua equipe tem mais um piloto, o Gualter Salles, vocês trocam informações sobre o melhor acerto do carro, ou escondem o leite de alguma forma?
O nosso diálogo é permanente e aberto, afinal defendemos as cores da VELOG. A confiança mútua é importante para ambos melhorarmos os carros. Essa é a minha estratégia, depois disso, é cada um por si.

Na equipe tem algum piloto favorito, como nas equipes de F-1?
Negativo!

Se a equipe RC, te passasse um rádio como no caso do Rubinho no último Grande prêmio, você acataria ou fingia que não estava escutando e desligaria o rádio…rs…
Eu como profissional atendo os pedidos dos meus patrocinadores (diferente do Rubinho que atende a equipe), pois eles cobrem meus custos. Se a RC me desse uma ordem igual a passada pela Ferrari, eu não atenderia. Apesar de ter um patrocinador em comum com meu companheiro de equipe(Velog), tenho patrocinadores pessoais(Bematech e Vipal), que não se beneficiariam com a minha atitude.

Na última etapa em Londrina você fez um CORRIDAÇO, lindas disputas, terminou na pista em 3º, mas foi punido em 20 segundos por ultrapassar o limite de velocidade na área de box. Você não utilizou o limitador de velocidade?
Valeu! Naquela ocasião eu acionei o limitador de giro, mas… Sei o que aconteceu e não vai se repetir. Só que não vou falar o que foi.

Não caberia recurso da equipe?
Fizemos uma checagem se teria sido realmente eu o infrator, e os dados bateram. Aconteceu, e eu tenho que aceitar. O erro foi meu.

O cargo que você ocupa de Vice Presidente da ABP, pode ter interferido?
Negativo!!! Se eu verificar alguma atitude, seja ela favorável ou desfavorável, vou contestar imediatamente.

O que você acha do pitstop para reabastecimento?
Traz uma dinâmica diferente para a corrida. Aumenta a expectativa, porém ainda precisa de ajustes técnicos para não prejudicar ninguém.

Você declarou recentemente em entrevista que era para incluir seu nome nos possíveis ganhadores do título de 2002! Você tem alguma carta na manga? Pode nos dizer…..rs…?
Estou numa grande equipe, já venci uma corrida, fiz poles, e estou em 5º no campeonato. Estamos trabalhando pensando no título. Trabalho e motivação são as minhas cartas na manga.

A próxima etapa do campeonato será realizada em Campo Grande MS., em uma pista que talvez nenhum piloto da categoria conheça, você acha que isso vai nivelar a competição?
Num primeiro momento poderemos ter surpresas, mas depois a vantagem técnica e pessoal vai sobressair. Mas teremos uma corrida nivelada, essa é a característica principal da Stock- em qualquer circuito.

Você já se preparou para o novo traçado, vendo algum vídeo de outra categoria, ou só vai ter contato com a pista na sexta-feira que antecede a corrida?
Com certeza vou fazer uma pesquisa.

Qual o circuito que você prefere e porquê?
Gosto muito de Curitiba, tenho muitos amigos lá, além de ser a sede da minha equipe e do patrocinador BEMATECH. E a pista e fantástica.

A Stock Car tornou-se a principal categoria do Automobilismo Nacional, se profissionalizando a cada etapa. Hoje em dia os pilotos já conseguem viver do Automobilismo, como é o caso da Nascar ou DTM?
Isso está acontecendo somente agora, e infelizmente muito devagar. Os custos da Stock Car são muito altos, e os benefícios da Rede Globo com transmissão das provas não são revertidos em mais dinheiro imediatamente.

Como se comporta o piloto Beto Giorgi, quando está em seu veículo particular, já alcançou os 20 pontos na carteira…rs…
Esses radares eletrônicos são realmente irritantes, mas é por uma boa causa. Por isso estou sempre atento.

O Anuário da Stock Car estará sendo vendido antecipadamente em Campo Grande junto com um passe de visitação aos boxes, a noite de autógrafos para os fãs será na Quinta feira 13/06, você estará presente?

Esse anuário é demais! Com certeza estarei lá para conversar com os amigos, e dar autógrafos para os fãs.

Gostaria que você mandasse um recado para os fãs do Automobilismo de Campo Grande.
Pessoal, A Stock Car é uma loucura! Não é toda categoria que tem um motor V8 de 450 cavalos que atinge até 260km/h, e frequentemente com 20 carros no mesmo segundo. Além de ex-pilotos da F-1 e F- Indy, brigando com as novas promessas. Vale a pena conferir a Stock Car, e quem sabe a minha vitória. CARRO 88.
Grande abraço Beto Giorgi

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