O Sindicato dos Ferroviários informa que este ano já ocorreram 116 acidentes ao longo da malha

Mais um descarrilamento ocorrido na região de Corumbá, com a interrupção do tráfego na malha ferroviária, mostra a dificuldade que o governo do Estado terá para reativar o Trem do Pantanal, apesar de anunciar o projeto para ser consumado neste ano. A proposta seria transportar turistas em cômodos vagões com janelas de onde se pudesse admirar a região, periodicamente inundada, povoada por jacarés, onças, tuiuiús, capivaras, entre outros da fauna pantaneira. Mas, o diretor do Sindicato dos Ferroviários de Mato Grosso do Sul, Valdemir Vieira, acrescenta um novo cenário à paisagem. Ele diz que a maioria dos dormentes virou casa de cupins e formigas. Por essa razão, 116 trens de carga descarrilaram somente neste ano em algum ponto da ferrovia que liga Corumbá a Bauru, num total de 1,6 mil quilômetros. Ano passado, foram 217 acidentes.
O presidente da Brasil Ferrovias, Nelson Bastos, calcula que seria necessário investir R$ 100 milhões com a troca de 700 mil dormentes podres. Um dinheiro que tomaria emprestado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), caso o Ministério dos Transportes liberasse por 12 anos a empresa, que administra a ferrovia até Corumbá, de pagar R$ 12 milhões anuais pela concessão da de uso da malha.
A Brasil Ferrovias entrega em julho um estudo de viabilidade econômica sobre a volta do Trem do Pantanal, desativado em 1995 por falta de segurança nos trilhos. Em abril, durante a assinatura de acordo com o governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, Bastos disse acreditar que a composição transportando passageiros voltará a operar em breve. As estatísticas de acidentes dificultam. A composição que descarrilou ontem possuía 57 vagões transportando, cada um, 70 toneladas de minério de ferro. Cinco tombaram e interrompem o tráfego até agora.