O impasse entre pecuaristas e frigoríficos sobre quem vai pagar a conta da adesão ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) pode afetar as vendas de carne bovina do país para a União Européia no próximo mês, admitem os exportadores.

A partir de segunda-feira, apenas carne bovina rastreada e com certificação de origem poderá ser embarcada para a União Européia, mercado que responde por quase 50% das exportações brasileiras de carne bovina in natura. Desde julho, quando entrou em vigor a exigência do bloco europeu, o governo vinha garantindo os embarques, certificando o produto com base nas informações contidas nas GTAs (Guias de Trânsito Animal) e nos dados sobre os animais nas propriedades.

O Ministério da Agricultura considerou necessário um período de transição para que a cadeia produtiva se adaptasse às novas regras. Também nesse período foram credenciadas sete certificadoras para garantir o rastreamento dos animais.

Apesar do período do transição, a oferta de animais em processo de certificação ou já certificados é inferior à demanda dos exportadores. Dados obtidos junto às certificadoras indicam que há cerca de 1,2 milhão de animais nessas condições. São machos e fêmeas, em diferentes idades. Apenas parte deles destinada ao abate imediato.

Já a demanda dos frigoríficos exportadores é de 1 milhão de cabeças de gado por mês, estima Henrique Victorelli, presidente do Instituto Genêsis. Esse número se refere à necessidade de cerca de 70 plantas frigoríficas habilitadas a exportar para a UE. O volume de gado é alto porque cada animal rende poucos quilos dos cortes destinados à UE.