Os casos de aids tiveram redução de 25%, no ano passado, em relação a 2000, segundo estimativa do coordenador do programa de aids do Ministério da Saúde, Paulo Teixeira. É o que indica novo Boletim Epidemiológico, divulgado, nesta segunda-feira, com dados até setembro.

Nos nove primeiros meses de 2001, foram registrados 7.363 novos casos. Apesar de faltarem três meses para o fechamento do ano de 2001, o resultado final seguramente será inferior aos 17.506 casos de 2000, podendo até superar a estimativa de Teixeira.

Droga injetável
O boletim mostra também queda dos casos de transmissão por uso de droga injetável em homens: em 2000, eles respondiam por 19% do total de casos, índice que caiu para 14% entre janeiro e setembro de 2001. A diferença de cinco pontos porcentuais ocorreu mesmo com a mudança da classificação das causas de transmissão.

Se há suspeita de que o paciente contraiu a doença por meio do sexo ou de droga injetável, ele é classificado no grupo de usuários de drogas. “O uso de drogas é a transmissão predominante”, justifica Teixeira, que analisa a diminuição dos casos como um reflexo das políticas de redução de risco, como a distribuição de seringas descartáveis.

Homossexuais
Entre os homossexuais, a transmissão permanece praticamente estável, já que a queda registrada nos nove primeiros meses do ano passado foi de 1%. O governo estima que existam no País 1,1 milhão de homossexuais contaminados pelo vírus e decidiu, pela primeira vez, realizar uma campanha específica para este público, a partir de junho.

Não fez antes para não aumentar o preconceito contra os gays, porque, de início, este era o grupo da população mais afetado pelo vírus. A campanha incentivará a auto-estima do homossexual e sua aceitação pela família, além de defender o uso de camisinha.

“Respeitar as diferenças é tão importante quanto usar preservativo” é o lema. A campanha tentará frear o “leve crescimento” do HIV entre os gays mais jovens. Na avaliação de Teixeira, eles estariam relaxando a prevenção diante das opções de tratamento.

Mulheres
Em compensação, continua aumentando a contaminação por contato heterossexual, principalmente entre mulheres. Entre elas, esse tipo de contaminação já responde por 80% dos casos, e, entre os homens, 40%. “É difícil a adoção de medidas de prevenção na população feminina, hoje o grupo mais vulnerável”, lamentou Teixeira.

A aids cresce entre mulheres entre 25 e 49 anos, casadas, fiéis e com baixo poder aquisitivo. Segundo Teixeira, a mulher não considera a vida sexual “perversa” do parceiro antes do casamento e as atuais relações extraconjugais. Não aceitam que estão sob risco e assim prosseguem sendo contaminadas pelo vírus.