O cinema brasileiro está ganhando seu primeiro dicionário de filmes. Elaborado pelo pesquisador Antônio Leão, o livro, bancado com recursos próprios, inventara a produção cinematográfica brasileira em longa-metragem, de 1908 até fevereiro deste ano. O “Dicionário de Filmes Brasileiros” tem 946 páginas e 3.883 verbetes e oferece, aos amantes de números e histórias curiosas, um vasto material. A obra chega às livrarias custando R$ 45.

Pelo livro descobre-se que Rio de Janeiro e São Paulo respondem por 81% da produção cinematográfica nacional. O Rio com 1.575 longas, e São Paulo com 1.766, número possível graças à pornochanchada, que respondia por mais da metade da produção brasileira nas décadas de 70 e 80. O terceiro colocado na parada da produção é o Rio Grande do Sul (68 títulos). Seguem-se Mato Grosso (49), Pernambuco (31), Bahia (25), Brasília (20), Paraná (19), Ceará e Amazonas (13 cada um), Pará (8); Alagoas (7) Paraíba (6), Santa Catarina (5), Espírito Santo (4); Rio Grande do Norte (2), Goiás e Mato Grosso do Sul (um cada).

Entre os “contos” do livro está o romance O Guarani, de José de Alencar, que mais versões cinematográficas ganhou no País, segundo a obra. São sete. A primeira foi realizada em 1911, por Salvatore Lázzaro, e a última, por Norma Bengell, em 1996.

Outro recordista de versões é Iracema, também de José de Alencar. A primeira, de 1919, traz a assinatura de Vittorio Capellaro. A penúltima, produzida na Boca do Lixo (Carlos Coimbra/1979), traz Francisco di Franco como Martim e Helena Ramos, a musa máxima da pornochanchada, como a “virgem dos lábios de mel”. Iracema, Uma Transa Amazônica (1980) só pede emprestado a Alencar o nome de sua protagonista (Edna de Cássia). Em vez de ser virgem pura com lábios de mel, a Iracema de Bodanzky & Senna, de lábios de fel, prostitui-se pelas cercanias da Transamazônica.