O mandato de décadas do presidente afastado do FFMS (Federação De Futebol Sul-Mato-Grossense), Francisco Cezário de Oliveira, virou assunto de discussão na audiência pública da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), promovida pela Comissão Permanente de Educação, Cultura e Desporto, nesta terça-feira (4).

O encontro contou com a participação de deputados estaduais, cronistas esportivos, dirigentes de clubes, entre outras pessoas ligadas ao esporte. O objetivo foi debater a situação do futebol sul-mato-grossense. 

As reeleições consecutivas de Cezário chamaram a atenção durante a audiência, visto que desde 1998, ou seja, há 26 anos, ele ocupa o cargo de presidente da entidade.

Ele e outros seis estão presos há duas semanas, desde 21 de maio, acusados de desviar mais de R$ 6 milhões da FFMS no período entre 2018 a fevereiro de 2023. Em publicação nesta terça-feira (4), a Justiça negou pela segunda vez o pedido de liberdade de Cezário e outros dois.

Vitórias consecutivas

Presidente do Esporte Clube Águia Negra, Iliê Vidal. (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Durante a audiência pública, o presidente do Esporte Clube Águia Negra, Iliê Vidal, usou a fala do plenário para expor como funcionavam as eleições na FFMS nos últimos mandatos.

“Às vezes as pessoas dizem que os clubes são coniventes com a situação que nós vivemos hoje na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. 27 anos de mandato do presidente Cezário e eu convivi em algumas eleições”, falou sobre como acompanhou os pleitos. 

Outro ponto destacado foi sobre como os candidatos não tinham chances de concorrer ao cargo, visto que o resultado já estava “definido” antes mesmo das eleições.

“Existe algum sistema dentro da federação que chega numa eleição e o presidente chegava nos clubes e mostrava estatutariamente que ele tinha o apoio já das ligas e de alguns clubes e que se alguém quisesse ser candidato opositor não teria como mais porque precisava dessa assinatura de algumas ligas e as ligas já estavam todas com ele. Você com amor pelo seu clube ia fazer o que? Brigar e depois talvez ser penalizado os 4 anos?”, expôs. 

Grupo de Cezário desviou mais de R$ 6 milhões 

Conforme informações do Gaeco, o grupo liderado por Francisco Cezário realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle. De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram identificados desvios que superaram os R$ 6 milhões.

Somente durante o cumprimento dos mandados foram apreendidos mais de R$ 800 mil, inclusive em notas de dólar. Revólver e munições também foram apreendidos.

Os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores era devolvida ‘por fora’ ao grupo.

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

Gaeco na sede da FFMS durante a Operação Cartão Vermelho (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

CBF nomeia interventor para comandar FFMS

Em 27 de maio, seis dias após ser preso, Cezário pediu afastamento da presidência da FFMS por tempo indeterminado. Conforme a nota de esclarecimento, o pedido veio para “preservar a FFMS, seus filiados e campeonatos de eventuais transtornos”.

No mesmo dia, Estevão Petrallas – vice presidente da FFMS e ex-presidente do Operário Futebol Clube – foi nomeado como interino na FFMS pelo prazo de 90 dias.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) emitiu, na última quarta-feira (29), ofício destinado ao TJD-MS (Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso do Sul) em que reiterava o nome do ex-presidente do Operário, Estevão Petrallas, como presidente interino da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul).

O pedido de intervenção partiu do TJD-MS (Tribunal de Justiça Desportiva de MS) após a prisão de Cezário.

“Acusações levianas”, diz Petrallas

Contudo, dez dias após ser indicado para o cargo, Petrallas “desabafou” durante a audiência pública que perdeu boa parte do tempo que terá à frente da entidade apenas se defendendo de acusações.

“Estou preparado para os 90 dias, mas já perdi quase dez dias me defendendo de acusações levianas, desonestas e desleais”, disse Petrallas.

Ele destacou ainda que possui planos a serem implementados durante o curto espaço de tempo disponibilizado a ele pela CBF. “Penso que se nós sobrevivermos por mais dois dias, nós vamos trazer coisas muito boas para o nosso futebol, como todo mundo estava esperando”, afirmou o interino.

nome de Estevão Petrallas foi contestado por diversos dirigentes de clubes federados, sob diversas alegações. “Ninguém imaginava que os próprios dirigentes iriam se digladiar e enfraquecer o poder do futebol. Isso é muito desagradável porque daqui a pouco ninguém mais acredita no futebol do nosso estado”, disse o presidente.

Estevão Petrallas está no comando interino da FFMS (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

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