Com fila para meninas, ginástica artística tem vaga de sobra para meninos em Campo Grande

Minoria na ginástica, meninos trabalham duro nos treinos e ainda enfrentam estigmas da modalidade

Fábio Oruê – 25/08/2024 – 08:32

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Meninos fazem seis aparelhos na modalidade (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Com treino muito mais puxado e intenso do que as meninas, a ginástica artística para meninos ainda é muito pouco disseminada e praticada em Campo Grande, mesmo com a visibilidade dada à modalidade nas Olimpíadas de Paris 2024.

Enquanto as meninas formam fila de espera em Centro de Formação de Atleta da Capital – o único que oferece treinamento gratuito – os meninos ainda têm muitas vagas abertas. O Cefat Rose Rocha atende 310 ginastas na categoria feminina, mas apenas 58 na masculina.

Para a coordenadora pedagógica do local, Eliane Nagano, essa disparidade nos números é reflexo da desinformação e do preconceito. “As pessoas não conhecem a fundo a ginástica masculina. É um pouco de preconceito também. Os meninos aqui, para fazer ginástica, eles fazem 6 aparelhos. Eu brinco se eu fosse menino, talvez eu não faria ginástica. Porque o feminino são quatro e os meninos são seis”, diz a gestora ao Jornal Midiamax.

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Ginástica masculina também tem grandes nomes (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Trabalho árduo

Na ginástica masculina, os meninos trabalham vários grupos musculares e, por isso, ficam com o corpo definido, além de desenvolverem aptidões físicas que ajudam em outros esportes. O Luke Tobaru Nagano é filho de Elaine e treina há mais de 7 anos.

“Eu tenho certeza que a ginástica ajuda muito no desenvolvimento dele, em geral, na escola, em outras modalidades também que ele participa. Ele sempre se destaca devido a essas qualidades físicas que a ginástica proporciona”, opina Elaine.

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Luke treina há mais de 7 anos (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Antes de entrar na ginástica artística, Luke gostava de fazer estrelinhas e despertou a atenção da mãe, que é uma das primeiras ginastas de Mato Grosso do Sul. “Eu comecei a me acostumar com treino. Aí dois meses depois eu comecei na equipe e depois de 7 anos estou aqui”, conta.

Agora o Luke tem 11 anos e sonha em integrar a seleção olímpica. “Pretendo muito continuar no esporte. Até chegar na seleção, disputar um campeonato como as olimpíadas, um mundial e um pan-americano”, diz o atleta ao Jornal Midiamax.

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Ginástica masculina ainda enfrenta estigmas (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Estigma na ginástica masculina

Enquanto as meninas se inspiram na medalhista olímpica Rebeca Andrade e Jade Barbosa, entre os grandes nomes da ginástica artística masculina estão Diego Hypólito, Arthur Zanetti e Arthur Nory – todos também medalhistas em Jogos Olímpicos.

Apesar do estigma enfrentado na modalidade, Luke pretende continuar na ginástica. “Tem muita gente que foi atleta nosso, mas agora está trabalhando [em outras áreas] porque não pôde continuar e eu não quero trabalhar e sim continuar no esporte muito feliz aqui”, afirma.

Sobre o preconceito ainda enfrentado na ginástica masculina, Elaine afirma que o filho já não se importa mais com críticas. “A gente sempre tem a conversa de que é o que ele gosta de fazer e acho que isso é o mais importante”, finaliza.

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