Dona de 20 títulos estaduais e nacionais, 38 vitórias no tatame, 10 medalhas de ouro, três bronzes e quatro pratas. A lista de conquista poderia ser facilmente de uma atleta adulta, mas se trata do prestígio de Anne Isabel Barboza Nabuco, conhecida como Bebel.

Apesar das vitórias que representam Campo Grande e Mato Grosso do Sul, a lutadora de jiu-jitsu corre contra o tempo para arrecadar mais de R$ 15 mil para disputar o Pan Kids Jiu-Jitsu, o maior campeonato mundial da categoria, que acontece entre os dias 26 e 28 de julho, em Orlando, na Flórida. Por enquanto, não há iniciativa da prefeitura, Governo do Estado, vereadores ou deputados.

Jogando a timidez de lado, Bebel conta que a paixão pelo esporte começou em 2021. Sem saber que seria uma grande esportista, a família passou a apoiar incansavelmente cada passo, o que segue até os dias de hoje.

“Minhas medalhas são do primeiro ano de campeonato. Eu perdi 12 quilos, era bem gordinha e sedentária. Eu contei para meu pai que as pessoas não falavam comigo e eu era bem reservada. O jiu-jitsu me ajudou bastante a me socializar, falar com as pessoas”.

Ela tem a rotina de “gente grande”, pois treina de segunda a sexta-feira, além de precisar ir para os semáforos com os pais divulgar o seu esforço e a necessidade de patrocínios para conseguir ir aos EUA competir.

“De segunda a quarta-feira treino de manhã e depois vou para a aula de inglês. Na quinta e sexta-feira tenho treino e ainda tenho judô também, saio 21h. Estou treinando bastante e muito ansiosa para conhecer lá, além de conquistar a medalha e trazer para cá”.

Bebel
Medalhas e cinturões de Bebel (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Coração dos pais orgulhosos

Vanuza Barbosa e Douglas Nabuco não escondem o orgulho de ver a filha avançando na modalidade. Aliás, cada passo é fortalecido pela família, por exemplo, como acompanhar em cada treino, competição e também ir aos semáforos da Afonso Pena mostrar o potencial da esportista.

“Eu fico muito feliz em todo o esforço e dedicação dela, treinando quatro horas por dia, dando resultado para ela mesma e para a carreira. É como o mestre fala, estamos formando ela para ser a melhor faixa preta do mundo. Ela está no caminho certo para isso”, relata.

Contudo, ele relembra que o colega de trabalho, o Mestre Brunão, comentou sobre o esporte e apresentou a modalidade. No fim da pandemia, a criança passou a se dedicar com vigor.

“Era uma época que estávamos ficando todos sedentários, pandemia, e ela perdeu 12 kg, o que é muito para uma criança”.

O projeto da academia de Bruno já tem 12 anos, destinado para pessoas carentes e de baixa renda. Portanto, a formação de campeões supera campeonatos estaduais, levando os atletas até para fora do país.

“Eu falei para ele (Douglas) sobre o projeto e ele não botou muita fé no começo não, ela (Bebel) uma bonequinha num esporte desses? Mas ele levou e hoje é essa atleta vencedora que lutou 10 campeonatos fora do Estado, campeonato paulista (…) ela ganha tudo”.

pais
Orgulho dos pais (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Sem incentivo público

O pai explica que há patrocínios de uma doceria, loja de kimonos, de turbina no aeroporto e a escola de inglês que oferece a bolsa. Entretanto, apesar do respaldo, não são suficientes para arcar com as despesas.

“Pela lei estadual, só podem ser beneficiados pelo Bolsa Atleta crianças a partir dos 12 anos, ela tem 10. Da Prefeitura de Campo Grande não tivemos retorno até o momento. Por isso, temos que correr atrás vendendo doce aos fins de semana. O esporte kids é abandonado pelo poder público. O kids que vai formar o esporte do futuro. Nosso estado quer se destacar no esporte, mas precisa do incentivo”, desabafa.

Sendo assim, a reportagem entrou em contato com a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) e da prefeitura e aguarda retorno.

Ajude a Bebel

A atleta ainda precisa custear a viagem, alimentação e hospedagem nos Estados Unidos. Quem quiser ajudar ou conhecer a história, pode entrar em contato com Douglas pelo WhatsApp: (67) 99929-9775.